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COP30: Garantias
A palavra "garantia" tem vários
significados, dependendo do contexto, mas em geral, significa:
Segurança/Compromisso: É um compromisso ou promessa
que assegura que algo será cumprido ou realizado.
Exemplo: "Ele me deu a garantia de que o
trabalho ficaria pronto a tempo."
Em Comércio (Produtos e Serviços): É um documento ou
a responsabilidade assumida pelo vendedor ou fabricante perante o comprador,
atestando a qualidade e o bom funcionamento de um produto ou serviço por um
determinado período de tempo.
Caso haja defeitos dentro desse prazo, o fornecedor
se compromete a realizar reparos, substituição ou devolução do valor, sem ônus
para o consumidor.
Exemplo: "Meu celular novo ainda está na
garantia."
Em Finanças/Direito (Obrigações e Dívidas): É um
meio de assegurar o cumprimento de uma obrigação ou o pagamento de uma dívida.
Pode ser um bem (como hipoteca ou penhor, chamada
garantia real) ou a responsabilidade de uma terceira pessoa (como fiança ou
aval, chamada garantia pessoal).
Exemplo: "Ele precisou dar a casa como
garantia para conseguir o empréstimo."
Em Direito Constitucional: Refere-se a direitos,
regalias e isenções que a Constituição de um país confere aos cidadãos (as
chamadas garantias constitucionais).
Em resumo, o termo está sempre ligado à ideia de
segurança e confiança no cumprimento de algo.
A "garantia" em negócios de alto risco é
o mecanismo contratual ou financeiro fundamental utilizado para mitigar o
elevado risco de inadimplência (falta de pagamento) ou o não cumprimento
das obrigações assumidas pelo devedor/contratado.
Em essência, a garantia funciona como uma rede
de segurança para o credor ou investidor, pois oferece um meio de recuperar
o capital (total ou parcialmente) caso a operação falhe, o que é uma
preocupação muito maior em setores de alto risco devido à sua volatilidade e
incerteza inerentes.
Em negócios classificados como de alto risco, as
garantias têm um papel ampliado:
Acesso a Crédito: Muitas instituições financeiras tradicionais se recusam a emprestar a
negócios de alto risco. A apresentação de garantias robustas é frequentemente a
única forma de obter financiamento.
Redução de Custo: Uma garantia sólida reduz o risco de crédito percebido pelo
credor. Como resultado, isso pode diminuir os juros e taxas cobrados sobre o
financiamento.
Disciplina: Ao vincular bens ou o patrimônio pessoal dos sócios à operação, a
garantia serve como um forte incentivo para que os gestores ajam com
cautela e façam o possível para que o negócio prospere e honre seus
compromissos.
Em resumo, quanto maior o risco inerente ao
negócio, mais robusta e de alta liquidez a garantia deve ser para que a
operação seja viável.
Como pode ver a garantia se estabiliza com o tipo
de empreendimento, se o foco é salvar o mundo das mudanças climáticas, logo o
objetivo seria manter a preservação do local mesmo que todo o resto entre em
colapso.
No contexto de cúpulas climáticas e de combate às
mudanças climáticas, a palavra "garantia" se desdobra em três
dimensões cruciais, todas interligadas pela necessidade de assegurar
resultados de longo prazo, mesmo diante de colapsos econômicos ou
políticos:
Garantias Políticas e de Compromisso
(O Objetivo Maior)
A "garantia" aqui é o compromisso
firme e verificável dos países e atores internacionais em atingir as metas
climáticas estabelecidas, como as do Acordo de Paris.
O que garante: A manutenção da ação climática e da preservação do
local/ecossistema (no caso, a Amazônia, foco da COP30 em Belém),
independentemente de mudanças de governo, crises econômicas ou conflitos.
Mecanismos: Assinatura de tratados internacionais vinculativos, estabelecimento de Planos
de Ação Climática (NDCs) ambiciosos e mecanismos de transparência e
revisão regular para assegurar que os compromissos sejam cumpridos.
Garantias Financeiras (Fundo
Climático)
Esta dimensão refere-se aos mecanismos financeiros
que assegurem a disponibilidade contínua de recursos para a preservação
e a transição energética, mitigando o risco de falência de projetos.
O que garante: O financiamento necessário para que ações de preservação, como o
combate ao desmatamento e o apoio a comunidades locais, não parem por
falta de dinheiro.
Mecanismos:
Fundos Verificáveis: Criação de fundos climáticos multilaterais com garantias de
contribuições de longo prazo dos países desenvolvidos ($100 bilhões anuais, por
exemplo).
Mecanismos de Compensação: Garantias de pagamento (via créditos de carbono ou instrumentos
financeiros) para países que mantêm suas florestas em pé, assegurando um valor
econômico à preservação.
Garantias de Permanência e
Integridade (O Foco Principal)
Como você destacou, se o colapso é o risco, a
"garantia" é a perpetuação do benefício ambiental.
O que garante: A irreversibilidade da preservação, ou seja, que as áreas
protegidas ou reflorestadas permaneçam intactas a longo prazo, mesmo se os
projetos iniciais falharem.
Mecanismos:
Salvaguardas Ambientais e Sociais: Regras rigorosas que asseguram que os projetos climáticos (de
reflorestamento, por exemplo) tragam benefícios reais e não prejudiquem as
comunidades locais (garantias sociais).
Monitoramento Tecnológico: Uso de tecnologia de ponta (satélites, blockchain) para garantir
a integridade e a verificabilidade do carbono conservado ou
sequestrado.
Em resumo, no contexto da COP30,
"garantia" significa blindar o objetivo da preservação contra
os riscos inerentes da política e da economia, fazendo com que o valor
ambiental se torne a obrigação principal e o último ativo a ser
sacrificado.
Sabemos que política é um negócio de alto risco,
volátil que varia de tempos em tempos, a má administração ou a corrupção podem
comprometer qualquer projeto.
Para que as garantias de preservação sobrevivam ao
risco político e à corrupção, os mecanismos precisam ser descentralizados,
transparentes e ter responsabilidade compartilhada por múltiplas
partes.
Garantias Institucionais e de
Governança
O foco aqui é mitigar o risco de descontinuidade
(mudança de governo) e o risco de má gestão.
Acordos de Longo Prazo Vinculativos: Os compromissos (financeiros e de ação) devem ser incorporados em leis
nacionais e tratados internacionais que não possam ser facilmente
desfeitos por decretos presidenciais ou mudanças rápidas de administração.
Fundações e Fundos Autónomos: Criar entidades de gestão de recursos (como o Fundo Amazônia) com estrutura
de governança independente e multistakeholder (com participação da
sociedade civil, setor privado e doadores internacionais). Isso isola os
recursos e a tomada de decisão da política partidária diária.
Exemplo: O Fundo Amazônia tem seu Comitê Orientador (COFA), onde a sociedade
civil tem poder decisório.
Auditorias Independentes: Mecanismos de auditoria e fiscalização por órgãos internacionais
e organizações não governamentais (ONGs), garantindo que o dinheiro seja
aplicado onde deve e que os resultados de preservação sejam reais.
Garantias de Transparência e
Monitoramento
A principal arma contra a corrupção e a má
administração é a transparência total.
Monitoramento Aberto e em Tempo Real: Uso de dados abertos e tecnologia (blockchain para
rastreabilidade de fundos, imagens de satélite) que permite a fiscalização
por qualquer cidadão do planeta (o que se chama crowd-monitoring).
Condicionalidade no Financiamento: O desembolso dos recursos (especialmente os internacionais) deve estar
estritamente ligado a Metas e Indicadores de Desempenho (KPIs) pré-determinados
(ex: redução verificada do desmatamento) e não apenas à promessa política. O
dinheiro só entra se o resultado ambiental for comprovado.
Envolvimento Indígena e Local: A garantia mais forte para a preservação local é o reconhecimento e o
fortalecimento dos direitos territoriais das comunidades tradicionais.
Elas são os guardiões mais eficientes da floresta. O financiamento deve ser
garantido diretamente a estes grupos, contornando a burocracia estatal sujeita
à corrupção.
Conclusão: A Garantia como Estrutura
de Resiliência
No ambiente político de alto risco, a garantia
ambiental se transforma de uma simples promessa em uma estrutura complexa de
governança e financiamento que:
Distribui o Risco: Coloca a responsabilidade do sucesso em vários atores (governos,
doadores, sociedade civil, comunidades).
Exige comprovação: Vincula o dinheiro ao resultado (preservação).
Prioriza a Base: Fortalece os atores locais que estão na linha de frente da defesa da
floresta.
Isso garante que, mesmo que um governo se torne
desfavorável ou um fundo seja mal administrado, os outros mecanismos e atores
continuam a operar para "salvar a floresta do colapso".
Eventos extremos também precisam ser levados em
consideração, por exemplo, fome, desastres naturais e doenças podem arruinar a
economia do país, abrindo portas para desviar o dinheiro do fundo climático
para mitigar o problema extremo.
Para que os Fundos Climáticos (e, por extensão, a
preservação) atuem como uma garantia de longo prazo, é necessário
blindá-los contra a tentação ou a necessidade de desvio em momentos de
emergência. Isso exige garantias de Resiliência Financeira e Priorização
Legal.
Garantia de Inviolabilidade
Financeira
O objetivo é tornar o desvio de fundos climáticos
legalmente difícil e politicamente custoso.
Destinação Específica com Cláusula de
Irrevogabilidade: Os acordos de doação e financiamento
(nacionais ou internacionais) devem incluir cláusulas que proíbam
expressamente o uso dos recursos para fins não relacionados à mitigação e
adaptação climática, mesmo em situações de emergência (a menos que a crise seja
causada pela mudança climática, o que exigiria adaptação).
Fundo de Contingência Separado
(Buffer): Os países doadores e receptores podem criar um Fundo
de Resiliência Climática separado, com recursos dedicados, para ser usado apenas
em emergências extremas ligadas ao clima (secas, inundações, incêndios), e não
em crises gerais (como uma crise econômica ou uma pandemia de saúde pública não
relacionada ao clima).
Isto garante: Que o dinheiro da preservação de longo prazo não seja tocado, enquanto
há um pool de capital dedicado à resposta rápida à crise.
Mecanismos de Desembolso Rápido (para
emergências climáticas): Para evitar a necessidade de desviar
recursos, é crucial que haja canais de financiamento de emergência
pré-aprovados e rápidos, como o uso de Títulos de Catástrofe (Cat Bonds)
ou instrumentos de Seguro de Risco Soberano. Isso garante liquidez
imediata sem comprometer o Fundo de Preservação.
Garantia de Priorização e Valorização
Econômica
É preciso mostrar que a preservação é parte da
solução, não um luxo a ser cortado.
A Preservação como Ativo de Risco
Reduzido: Em momentos de crise econômica, a floresta (e o
carbono que ela armazena) precisa ser vista como um ativo estável que
gera receita (via créditos de carbono) e serviços ecossistêmicos
essenciais para a recuperação, e não como um item de despesa.
Isto garante: Que o país não tenha incentivo econômico para desmatar (o que
historicamente ocorre em crises) para gerar riqueza de curto prazo.
Garantias Multilaterais: Se um país se encontrar em uma crise existencial, a comunidade
internacional deve ter uma garantia (um compromisso prévio) de intervir com
ajuda de emergência não-climática, em troca da garantia de que os fundos
e projetos climáticos do país receptor permaneçam intactos.
Em resumo, a garantia contra eventos extremos exige
um "firewall" financeiro e um compromisso político
reforçado pela comunidade global, reconhecendo que a manutenção da
estabilidade climática é, por si só, uma garantia contra muitas crises futuras
(fome por mudança de safra, doenças por desequilíbrio ecológico, etc.).
Com isso podemos estabelecer regras bem
específicas.
Regra número 1: Todo e qualquer país que se
comprometer com a causa climática será responsável por zelar pela preservação
assim como receber as punições e sanções, caso não cumpra seu papel de salvador
da humanidade.
Perceba que o ciclo natural da humanidade é a
destruição e o colapso, ir contra a maré, preservando o planeta é ação
contrária a naturalidade do ser humano.
Se a guerra entre nações é uma constante inevitável
então a não preservação ou falha dela é suscetível a punição e sanções já que o
país deve assumir a responsabilidade para mitigar os efeitos negativos do
mundo.
Regra número 2: Todo e qualquer país desenvolvido
ou não que não cumprir com suas obrigações independente do cenário global, será
afetado por punições. O oposto também é válido apresentar resultados
contundentes da implementação de projetos ambientais que devem ser
recompensados com bônus pelo trabalho.
As duas regras propostas visam transformar a
preservação ambiental de um objetivo ideal em uma obrigação contratual de
alto nível, com consequências claras para o cumprimento ou não do papel de
guardião climático.
Regra Número 1: Responsabilidade
Incondicional e Punição pela Falha
Esta regra tem como foco as Garantias Políticas
e de Compromisso, estabelecendo a disciplina em um ambiente de alto risco.
Compromisso de Zelar pela Preservação
O principal propósito é transformar a preservação
em um dever de Estado, tornando-o incondicional e superior a mudanças
políticas ou crises. O mecanismo de blindagem associado é a incorporação desse
compromisso em Acordos de Longo Prazo Vinculativos, transformando-o em
lei nacional e tratados internacionais.
Responsabilidade e Punições/Sanções
Garante que o fracasso na preservação (como o
aumento do desmatamento) tenha um custo real e mensurável para o país,
servindo como forte incentivo e disciplina para a gestão. Isso se conecta
diretamente à Condicionalidade no Financiamento: o desembolso de fundos
deve estar ligado a Indicadores de Desempenho (KPIs) ambientais verificados,
onde a falha resulta em sanção ou não recebimento de recursos.
"Salvador da Humanidade"
Este conceito eleva a ação climática a um nível de segurança
existencial, justificando a intervenção e a aplicação de sanções. As Garantias
Multilaterais reforçam que a comunidade internacional tem o direito (e o
dever) de intervir via sanções quando o bem global está ameaçado, indo
"contra a maré" do colapso.
Em essência: A Regra 1 estabelece que, em um sistema de alto risco (política,
crise), o país assume a responsabilidade total pelo sucesso da
preservação em seu território.
Regra Número 2: Inviolabilidade das
Obrigações e Sistema de Bônus/Punições
Esta regra se concentra nas Garantias
Financeiras e Contra Crises Existenciais, atuando como a blindagem do Fundo
Climático.
Obrigações Independentes do Cenário
Global
O propósito é garantir a Inviolabilidade
Financeira. Isso significa que nem a fome, desastres ou doenças (eventos
extremos) justificam o não cumprimento ou o desvio dos fundos climáticos. O
mecanismo de blindagem é a Destinação Específica com Cláusula de
Irrevogabilidade, um "firewall" financeiro que impede o desvio. A
solução para crises não-climáticas é a criação de um Fundo de Contingência
Separado (Buffer).
Punições por Não Cumprimento
Reforça a consequência da falha em qualquer
cenário, reafirmando que o risco de não preservar é maior do que o risco de uma
crise temporária. Os mecanismos de Auditorias Independentes e Monitoramento
Aberto são cruciais, pois detectam e comprovam a falha, disparando a
punição.
Recompensa (Bônus) por Resultados
Contundentes
Cria um incentivo econômico positivo (em
contraposição à punição), garantindo a priorização e Valorização Econômica
da preservação. O mecanismo de blindagem é a Preservação como Ativo de Risco
Reduzido, onde a recompensa monetiza o resultado ambiental, tornando-o
atraente economicamente.
Em essência: A Regra 2 exige resiliência inegociável nas obrigações
climáticas, independentemente de crises, e cria um sistema de incentivos e
desincentivos (bônus e punições) para garantir a performance.
Conclusão e Próximo Passo
A "garantia" na COP30 como um sistema de Governança
Resiliente que exige:
Responsabilidade Compartilhada: Não apenas governos, mas a sociedade civil e a comunidade internacional
(via doações e sanções).
Verificação Rigorosa: Vinculação do financiamento a resultados ambientais comprovados (KPIs).
Inviolabilidade dos Ativos: Proteção legal e financeira dos fundos de preservação contra desvios em
momentos de crise.
As regras propostas exigem um sistema de Condicionalidade
e Performance (KPIs) muito claro. A Garantia aqui é o próprio
mecanismo de responsabilização, que assegura que o risco da inação seja sempre
maior que o custo da ação.
Sistema de Bônus (Recompensa)
O bônus atua como a Garantia de Priorização e
Valorização Econômica, conforme sua Regra 2, transformando a preservação em
um ativo estável e gerador de receita.
Acesso Preferencial e Redução de
Taxas (Crédito):
Condição de Ativação (KPI): Redução de desmatamento acima da meta anual (Ex: 10% abaixo da
NDC).
Garantia Assegurada: Redução do Custo do Financiamento (Regra 2).
Bônus de Desempenho (Performance
Bonus):
Condição de Ativação (KPI): Manutenção da taxa de desmatamento zero por 3 anos consecutivos
e aumento da área de reflorestamento.
Garantia Assegurada: Valorização Econômica da Preservação (Regra 2). O bônus é um recurso extra,
além da doação de base.
Dívida por Natureza (Debt-for-Nature
Swaps):
Condição de Ativação (KPI): Comprovação do uso dos recursos para projetos com alto impacto
social e ambiental (monitoramento por satélite + auditoria social).
Garantia Assegurada: Alívio imediato de parte da Dívida Soberana, em troca da garantia de
preservação de áreas críticas por lei.
Selo de Transparência Climática:
Condição de Ativação (KPI): Adesão total ao Monitoramento Aberto (dados em tempo real) e Auditorias
Independentes (CTFA do Fundo Amazônia).
Garantia Assegurada: Prioridade em receber financiamento internacional, atuando como um
"selo de baixo risco".
Sistema de Punições e Sanções
A punição é a materialização da Responsabilidade
Incondicional da sua Regra 1 e da Inviolabilidade das Obrigações da
sua Regra 2. Ela garante que a falha tenha um custo imediato e de longo prazo.
Suspensão de Desembolsos (Stop-Go):
Condição de Ativação (KPI): Aumento do desmatamento (além da margem de erro) ou não apresentação de
relatórios de auditoria.
Garantia Reforçada: Condicionalidade no Financiamento. Interrompe a entrada de dinheiro
(como a paralisação do Fundo Amazônia em crises).
Aumento de Juros e Risco Soberano:
Condição de Ativação (KPI): Desvio de fundos climáticos comprovados ou quebra de acordos de longo
prazo (Regra 2).
Garantia Reforçada: Aumento do Custo de Crédito no mercado global, penalizando o país em
todas as transações.
Sanções Comerciais e Multilaterais:
Condição de Ativação (KPI): Falha persistente em mitigar o risco (ex: uso de recursos para fins
não-climáticos em crises não-climáticas).
Garantia Reforçada: "Salvador da Humanidade" (Regra 1). Cria um custo político e
comercial que justifica a intervenção externa.
Cláusula de Clawback:
Condição de Ativação (KPI): Comprovação de desvio de fundos ou reversão de áreas protegidas (ex:
desmatamento de área reflorestada).
Garantia Reforçada: Reversão de Benefícios. O país é obrigado a devolver os recursos
recebidos ou o alívio de dívida obtido.
A análise ressaltou que uma das garantias
institucionais mais fortes contra o risco político é a criação de Fundações
e Fundos Autônomos, citando o Fundo Amazônia como exemplo.
A pesquisa confirma que a estrutura de governança
do Fundo Amazônia foi desenhada especificamente para ser multistakeholder
e descentralizada, isolando, de fato, os recursos e a tomada de decisão
da política partidária diária, o que o torna uma garantia robusta, conforme a
análise.
Governança Compartilhada por Comitês
O Fundo Amazônia é administrado pelo BNDES e
possui dois comitês principais, garantindo a participação de múltiplas esferas:
Comitê Orientador do Fundo Amazônia
(COFA): É o órgão decisório que estabelece as diretrizes
e critérios para aplicação dos recursos e zela pela sintonia dos
investimentos com a política nacional de prevenção e combate ao desmatamento
(PPCDAm).
Comitê Técnico do Fundo Amazônia
(CTFA): É composto por membros da comunidade científica
(especialmente do INPE) e tem o papel crucial de atestar as emissões
oriundas de desmatamentos na Amazônia, vinculando o recebimento de doações
a resultados ambientais concretos (a Garantia de
Condicionalidade/Comprovação).
Composição Tripartite do COFA (O
Núcleo da Garantia Institucional)
A estrutura de composição do COFA é a
materialização da garantia contra o risco político, pois distribui o poder
decisório entre três segmentos com pesos equivalentes:
Governo Federal: Representantes de diversos ministérios (Meio Ambiente, Relações
Exteriores, Povos Indígenas, etc.).
Governos Estaduais: Representantes dos nove estados da Amazônia Legal.
Sociedade Civil: Representantes de ONGs, Movimentos Sociais para o Meio Ambiente
(FBOMS), organizações indígenas (COIAB) e a comunidade científica (SBPC).
O Poder Decisório: Decisão por
Consenso Tripartite
O poder decisório do COFA é a chave da
autonomia:
O Comitê decide por consenso entre as
representações dos três segmentos (Governo Federal, Governos Estaduais e
Sociedade Civil).
Para cada matéria em votação, a deliberação de cada
segmento deve contar com maioria simples dos votos dos seus membros.
Isso significa que a sociedade civil tem poder
de veto de bloco sobre as diretrizes e critérios de aplicação de recursos,
impedindo que decisões sejam tomadas apenas por interesse político ou de
governo. Essa é uma garantia institucional que blinda o Fundo contra
mudanças rápidas de administração.
Mecanismos de Transparência e
Auditoria
Em linha com o que o texto original define como a
principal arma contra a corrupção e má gestão, o Fundo Amazônia conta com:
Auditoria Externa: O BNDES contrata serviços de auditoria externa anualmente para
verificar a adequação dos desembolsos.
Acesso Público à Informação: Relatórios anuais auditados, informações sobre governança e projetos, e
os Registros de Encaminhamentos e Temas (RET) das reuniões do COFA são
disponibilizados publicamente.
Conclusão do Caso Fundo Amazônia
A estrutura do Fundo Amazônia é um excelente
exemplo prático das Garantias Institucionais e de Governança. A
participação decisória da sociedade civil e a vinculação a resultados
verificados cientificamente (CTFA) asseguram que o dinheiro da preservação
fique isolado da volatilidade política.
A "garantia" na COP30 deixa de ser uma
promessa para se tornar um sistema de Resiliência Regulada onde:
O Risco (política, crise, corrupção) é
reconhecido como alto.
O Ativo (a floresta/preservação) é legal e
financeiramente protegido por um firewall (Regra 2 - Inviolabilidade).
A Ação (do país) é disciplinada por um
sistema de incentivos e desincentivos inegociáveis (Regras 1 e 2 - Bônus e
Punições).
A Governança é distribuída entre atores
internacionais, sociedade civil e comunidades locais, diluindo o poder de veto
(Fundo Amazônia / Matriz de Intervenção).
A preservação é, assim, o último ativo a ser
sacrificado, pois a punição pela sua falha se torna maior do que a
recompensa de seu desmatamento ou o alívio de desviar seus fundos.
#Risco, #Ativo, #Ação, #Governança
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