Júpiter (planeta)
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Júpiter é o maior planeta do Sistema Solar, tanto em
diâmetro quanto em massa, e é o quinto mais próximo do Sol.
Possui menos de um milésimo da massa solar, contudo tem 2,5
vezes a massa de todos os outros planetas em conjunto.
É um planeta gasoso, junto com Saturno, Urano e Netuno.
Estes quatro planetas são por vezes chamados de planetas jupiterianos ou
planetas jovianos, e são os quatro gigantes gasosos, isto é, que não são
compostos primariamente de matéria sólida.
Figura 1
Figura 2
Figura 3
Júpiter é composto principalmente de hidrogênio, sendo um quarto de sua massa composta de hélio, embora o hélio corresponda a apenas um décimo do número total de moléculas.
O planeta também pode possuir um núcleo rochoso composto por
elementos mais pesados, embora, como os outros planetas gigantes, não possua
uma superfície sólida bem definida.
Por causa de sua rotação rápida, de cerca de dez horas, ele
possui o formato de uma esfera oblata (ele possui uma suave, mas perceptível,
saliência em torno do equador).
Sua atmosfera externa é visivelmente dividida em diversas
faixas, em várias latitudes, resultando em turbulência e tempestades nas
regiões onde as faixas se encontram.
Uma dessas tempestades é a Grande Mancha Vermelha, uma das
características visíveis de Júpiter mais conhecidas e proeminentes, cuja
existência data pelo menos do século XVII, quando foi pela primeira vez
avistada com telescópio, com ventos de até 650 km/h e um diâmetro transversal
duas vezes maior do que a Terra.
Júpiter é observável da Terra a olho nu, com uma magnitude
aparente máxima de -2,94, sendo no geral o quarto objeto mais brilhante no céu,
depois do Sol, da Lua e de Vênus, embora, por vezes, Marte também fique mais
brilhante do que Júpiter.
O planeta era conhecido por astrônomos de tempos antigos e
era associado com as crenças mitológicas e religiosas de várias culturas.
Os romanos nomearam o planeta de Júpiter, um deus de sua
mitologia. Júpiter possui um tênue sistema de anéis e uma poderosa
magnetosfera.
Possui pelo menos 79 satélites, dos quais se destacam os
quatro descobertos por Galileu Galilei em 1610: Ganimedes, o maior do Sistema
Solar, Calisto, Io e Europa; os três primeiros são mais massivos que a Lua,
sendo que Ganimedes possui um diâmetro maior que o do planeta Mercúrio.
Várias sondas espaciais visitaram Júpiter, todas elas de
origem estadunidense. A Pioneer 10 passou por Júpiter em dezembro de 1973,
seguida pela Pioneer 11, cerca de um ano depois.
A Voyager 1 passou em março de 1979, seguida pela Voyager 2
em julho do mesmo ano.
A sonda espacial Galileu entrou na órbita de Júpiter em
1995, enviando uma sonda através da atmosfera no mesmo ano e conduzindo
múltiplas aproximações com os satélites galileanos até 2003.
A sonda Galileu também presenciou o impacto do cometa
Shoemaker-Levy 9 em Júpiter em 1994, possibilitando a observação direta deste
evento. Outras missões incluem as sondas Ulysses, Cassini-Huygens e New
Horizons, que utilizaram o planeta para aumentar sua velocidade e ajustar a sua
direção aos seus respectivos objetivos.
A última sonda a visitar o planeta foi Juno, que entrou em
órbita em 4 de julho de 2016. Um futuro alvo de exploração é Europa, satélite
que provavelmente possui um oceano líquido coberto de gelo.
Composição
A atmosfera de Júpiter é composta de 88 a 92% de hidrogênio
e 8 a 12% de hélio, considerando a percentagem em volume de moléculas.
Esta composição muda
quando descrita em termos de massa, uma vez que uma molécula de hélio é cerca
de quatro vezes mais massiva que uma de hidrogênio; com isso, a atmosfera de
Júpiter é composta por aproximadamente 75% de hidrogênio e 24% de hélio em
massa, sendo o 1% remanescente composto por outros elementos.
O interior do planeta contém materiais mais densos, mudando
a distribuição por massa para 71% de hidrogênio, 24% de hélio e 5% de outros
elementos. A atmosfera contém traços de metano, vapor de água, amônia,
compostos de silício, carbono, etano, sulfeto de hidrogênio, neônio, oxigênio,
fosfina e enxofre. A parte externa da atmosfera contém cristais de amônia
congelada.
Através de testes usando infravermelho e ultravioleta,
traços de benzeno e outros hidrocarbonetos também foram encontrados.
Figura 4
As proporções de hidrogênio e hélio na atmosfera de Júpiter
são próximas à composição teórica da nebulosa solar primordial. Porém, as
regiões exteriores da atmosfera do planeta contêm apenas 20 partes por milhão
em massa de neônio, 10% da do Sol.
A atmosfera jupiteriana também possui apenas 80% de
abundância de hélio em relação ao Sol, devido à precipitação deste elemento em
direção ao interior do planeta.
Estudos de espectroscopia mostraram que possivelmente
Saturno possua uma composição similar à de Júpiter. Os outros gigantes gasosos,
Urano e Netuno, por outro lado, possuem relativamente menos hidrogênio e hélio.
Estrutura interna
Acredita-se que Júpiter seja composto de um núcleo denso com
uma mistura de elementos, circundado por hidrogênio metálico líquido com algum
hélio e uma camada exterior, composta principalmente de hidrogênio molecular,
mas para além deste esboço básico ainda existem dúvidas consideráveis sobre a
estrutura interna do planeta.
O núcleo é muitas
vezes descrito como rochoso, mas sua composição em detalhes é desconhecida, bem
como as propriedades destes materiais na temperatura e pressão a estas
profundidades. Em 1997, a existência de um núcleo sólido foi sugerida por
medições gravitacionais, indicando uma massa de 12 a 45 vezes a da Terra, ou 4%
a 14% da massa jupiteriana.
A presença de um núcleo durante ao menos parte da história
de Júpiter foi sugerida por modelos de formação planetária, envolvendo a
formação inicial de um núcleo rochoso ou gelado, suficientemente massivo para
atrair gravitacionalmente o hidrogênio e o hélio presentes na nebulosa
protossolar.
Assumindo que tenha existido, o núcleo pode ter diminuído em
tamanho à medida que correntes de convecção de hidrogênio metálico líquido
quente se misturaram com o núcleo fundido e levaram o seu conteúdo para níveis
mais altos no interior planetário. Um núcleo sólido pode não existir, já que as
medições gravitacionais não são precisas o suficiente para negar esta
possibilidade.
Os resultados dos dados de Juno indicam que não há núcleo
sólido. A incerteza dos modelos está ligada à margem de erro dos parâmetros
medidos até agora: um dos coeficientes de rotação (J6 ) usados para descrever a
quantidade de movimento linear do planeta, o raio equatorial e sua temperatura
à pressão de 1 bar. Espera-se que a sonda Juno, que chegou em julho de 2016,
aumente a precisão destes parâmetros, possibilitando melhores modelos do
núcleo.
Figura 5
A região do núcleo é circundada por hidrogênio metálico
denso, que se estende a até 78% do raio do planeta.
Gotículas de hélio e neônio precipitam-se através desta
camada em direção ao núcleo, reduzindo a abundância destes elementos na
atmosfera superior do planeta.
Acima da camada de hidrogênio metálico localiza-se uma
atmosfera interior transparente de hidrogênio. A esta profundidade, a pressão e
temperatura são superiores à pressão crítica de 1,2858 MPa e à temperatura
crítica de apenas 32,938 K do hidrogênio.
Neste estado, não há fases líquida e gasosa distintas –
diz-se que o hidrogênio está em estado fluido supercrítico. É conveniente
tratar o hidrogênio como um gás na camada superior que se estende desde a
camada de nuvens até uma profundidade de 1 000 km, e como um líquido nas
camadas mais profundas.
Fisicamente, não há um limite claro – o gás se torna
lentamente mais quente e mais denso com a profundidade.
A temperatura e a pressão no interior de Júpiter aumentam
constantemente com a profundidade, devido ao mecanismo de Kelvin-Helmholtz.
No nível da pressão “superficial” de 10 bar, a temperatura
está em torno de 340 K (67 °C). Na região de transição de fase, no qual o
hidrogênio líquido — aquecido além do seu ponto crítico — torna-se metálico,
calcula-se que a temperatura seja de 10 000 K, e a pressão, de 200 GPa. A
temperatura na fronteira do núcleo é estimada em 36 000 K, e a pressão, de 3
mil a 4,5 mil GPa.
Atmosfera
Júpiter possui a maior atmosfera planetária do Sistema
Solar, com mais de 5 000 km de altitude.
Ela é cerca de três vezes maior que o nosso planeta, ou 1
por cento da inteira massa de Júpiter. Como o planeta não tem superfície, a
base de sua atmosfera é considerada o ponto em que sua pressão atmosférica é
igual a 100 kPa (1,0 bar).
Abaixo da atmosfera, Júpiter é fluido. Mas ao contrário da
maioria dos fluidos, o planeta gira como se fosse uma massa sólida.
Os átomos de hidrogênio e hélio relacionam-se de forma
figurativa como crianças brincando de roda de braços dados e giram ao redor do
planeta em uníssono.
Nuvens
Júpiter é permanentemente coberto por nuvens compostas por
cristais de amônia e possivelmente hidrossulfeto de amônio.
As nuvens estão localizadas na tropopausa e estão
organizadas em bandas de diferentes latitudes, conhecidas como regiões
tropicais. Estas estão subdivididas em "zonas" de cor clara e
"cinturões" mais escuros.
Figura 6
As interações destas diferentes bandas e seus respectivos
padrões de circulação atmosférica criam tempestades e turbulências. Ventos de
até 100 m/s (360 km/h) são comuns em tais regiões.
Observou-se que as zonas variam em largura, cor e
intensidade de ano para ano, mas têm permanecido estáveis o suficiente para
receberem designações identificadoras da comunidade astronômica.
A camada de nuvens possui apenas 50 km de profundidade e
consiste em duas partes: uma camada grossa inferior e uma camada superior mais
fina e mais clara.
É possível que existam nuvens finas de água sob a camada de
amônia, que seriam a causa dos raios detectados na atmosfera (a água é uma
molécula polar, que pode criar a separação de cargas necessária para produzir
raios).
Estas descargas elétricas podem ter mil vezes o poder dos
raios terrestres.
As nuvens de água podem formar tempestades, alimentadas pelo
calor proveniente do interior do planeta.
Algumas bandas fotogênicas de nuvens que envolvem Júpiter
penetram aproximadamente 3 mil quilômetros abaixo das nuvens. Isso é 30 vezes
mais espesso que a maior parte da atmosfera terrestre.
As nuvens de Júpiter possuem cores de tom laranja e marrom,
devido a compostos que mudam de cor quando expostos aos raios ultravioletas do
Sol.
Não se sabe com exatidão a sua composição, mas acredita-se
que sejam fósforo, enxofre ou hidrocarbonetos.
Estes compostos coloridos, chamados de cromóforos,
misturam-se com as nuvens mais quentes da camada inferior. As zonas formam-se
quando células de convecção ascendentes geram amônia cristalizada, que diminui
a visibilidade da camada inferior de nuvens.
Devido à baixa inclinação axial de Júpiter, as regiões
polares do planeta recebem constantemente menos radiação solar do que a região
equatorial. A convecção de material do interior do planeta, porém, transporta
energia para os polos, equalizando as temperaturas na camada de nuvens.
Grande Mancha Vermelha
A característica mais marcante de Júpiter é a Grande Mancha
Vermelha, uma tempestade anticiclônica persistente, localizada 22° ao sul do
equador, que, com dimensões de 24-40 mil km x 12-14 mil km, pode abrigar dois
ou três planetas com o diâmetro da Terra.
Sabe-se de sua existência desde ao menos 1831,
possivelmente, 1665. Imagens do telescópio espacial Hubble mostraram duas
“manchas vermelhas” adjacentes à Grande Mancha Vermelha.
Figura 7
Modelos matemáticos, em 2007, sugeriram que a tempestade era
estável e poderia ser uma característica permanente do planeta, entretanto a
tempestade diminuiu até 17 graus desde os anos 1800, quando ela poderia ter
alcançado 5 600 km ou quatro vezes o diâmetro da Terra.
Atualmente, ela é cerca de 1,3 vezes o tamanho da Terra. Ela
pode desaparecer completamente nos próximos 20 anos.
A tempestade é grande o suficiente para ser vista através de
um telescópio com uma abertura de ao menos 12 cm.
A Mancha Vermelha possui um formato oval e gira em torno de
si mesma, em sentido anti-horário, com um período de seis dias.
A altitude máxima da tempestade é cerca de 8 km acima das
nuvens que a cercam.
Tempestades deste tipo são comuns dentro da atmosfera
turbulenta de gigantes gasosos. Júpiter também possui ovais brancas e ovais
marrons, tempestades menores sem nome.
Ovais brancas comumente consistem de nuvens relativamente
frias dentro da atmosfera superior. Ovais marrons são mais quentes e
localizadas dentro da “camada normal de nuvens" do planeta. Tais
tempestades duram desde algumas horas até séculos.
Mesmo antes de a Voyager ter provado que a Grande Mancha
Vermelha era uma tempestade, havia forte evidência de que ela não poderia estar
associada com nenhuma característica presente em camadas mais profundas em
Júpiter, visto que tal mancha gira em torno do planeta de maneira diferente do
resto da atmosfera, por vezes mais rápido e, por vezes, mais devagar.
Em 2000, uma nova característica atmosférica proeminente
formou-se no hemisfério sul, similar em aparência à Grande Mancha Vermelha, mas
menor em tamanho.
Esta tempestade foi criada através da fusão de três ovais
brancas menores — que haviam sido vistas pela primeira vez em 1938.
Esta tempestade foi chamada de Oval BA e apelidada de
"Mancha Vermelha Júnior". Desde então, seu tamanho aumentou e sua cor
mudou de branco para vermelho.
Ciclones polares
Estacionado em cada polo há um ciclone de vários milhares de
quilômetros de largura.
Mas cada um desses ciclones é cercado por um arranjo
poligonal de tempestades de tamanho semelhante - oito ao norte e cinco no sul.
Massa
Júpiter possui uma massa 2,5 vezes maior do que a de todos
os outros planetas tomados em conjunto, massivo o suficiente para fazer com que
seu baricentro com o Sol, localize-se acima da superfície solar (a 1,068 raio
solar do centro do Sol).
Júpiter é muito maior do que a Terra e consideravelmente
menos denso: seu volume corresponde a 1 321 vezes o da Terra, mas sua massa é
apenas 318 vezes maior.
O raio de Júpiter é aproximadamente 1/10 do raio solar, e
sua massa é 0,001 a massa solar, portanto as densidades dos dois corpos são
similares.
Figura 8
Uma massa jupiteriana (MJ) é frequentemente utilizada como
unidade para descrever a massa de outros objetos, em particular de planetas
extrassolares e anãs marrons.
Assim, por exemplo, o planeta extrassolar HD 209458 b possui
massa de 0,69 MJ , enquanto Kappa Andromedae b tem massa de 12,8 MJ .
Modelos teóricos indicam que se Júpiter tivesse muito mais
massa do que atualmente possui, ele diminuiria em tamanho.
Para adições menores de massa, o raio não mudaria de forma
apreciável, e acima de 500 massas terrestres (1,6 massa de Júpiter) o seu
interior ficaria tão mais comprimido com a maior pressão que o seu volume
diminuiria, apesar do aumento da quantidade de matéria.
Como resultado, acredita-se que Júpiter tenha o maior
diâmetro possível a um planeta com a sua composição e história evolucionária.
O processo de diminuição continuaria à medida que massa
fosse adicionada, até que uma ignição estelar ocorresse com o planeta como em
uma anã marromPB ou anã castanha,PE em torno de 50 MJ .
Embora Júpiter tivesse que ter cerca de 75 vezes mais massa
do que tem para fundir hidrogênio e se tornar uma estrela, a menor anã vermelha
possui o diâmetro apenas 30% maior que o de Júpiter.
Apesar disso, Júpiter ainda irradia mais calor do que recebe
do Sol; a quantidade de calor produzido internamente é similar à radiação solar
total que recebe.
Este calor adicional é gerado através do mecanismo de
Kelvin-Helmholtz, por contração. Este processo resulta na redução do diâmetro
do planeta de dois centímetros por ano.
Quando foi formado, Júpiter era muito mais quente e tinha
aproximadamente o dobro do seu diâmetro atual.
Anéis planetários
Júpiter possui um sistema de anéis bem menos evidente do que
os de Saturno. Este sistema é composto por um toro interno de partículas,
conhecido como halo, um anel principal relativamente brilhante e um sistema de
anéis externo, chamado de gossamer.
Figura 9
Esses anéis parecem ser feitos de poeira, e não de gelo como
os de Saturno.
Acredita-se que o anel principal seja feito de material
ejetado dos satélites Adrasteia e Métis. Este material, que normalmente cairia
de volta nos satélites, é puxado em direção ao planeta por causa de sua enorme
força gravitacional, alimentando o anel.
A órbita do material se altera em direção a Júpiter e
material novo é acrescentado por impactos adicionais.
Figura 10
De maneira similar, os satélites Tebe e Amalteia
provavelmente produzem os dois componentes distintos do anel gossamer.
Existe também evidência de um anel rochoso ao longo da
órbita de Amalteia, que pode constituir-se de material ejetado de colisões do
satélite em questão.
Magnetosfera
Júpiter possui um campo magnético 14 vezes mais forte do que
a da Terra, variando entre 4,2 gauss (0,42 mT) no equador a 10 a 14 vezes nos
polos, o mais forte do Sistema Solar (não incluindo aqueles formados por
manchas solares).
Figura 11
Acredita-se que este campo seja gerado por correntes de
Foucault — o movimento giratório de materiais condutores — dentro da camada de
hidrogênio metálico líquido.
Os vulcões do satélite Io emitem grande quantidade de
dióxido de enxofre, formando um toro de gás em órbita do satélite.
O gás é ionizado na magnetosfera, produzindo íons de enxofre
e oxigênio, que, juntamente com íons de hidrogênio originários da atmosfera de
Júpiter, formam uma folha de plasma no plano equatorial de Júpiter.
O plasma na folha gira com o planeta, causando deformação no
campo magnético dipolar dentro do disco magnético.
Elétrons dentro da folha de plasma geram fortes ondas de
rádio, na frequência de 0,6 a 30 MHz.
Pesquisadores relataram em 2017 que os dados da nave
espacial de Juno sugerem que os elétrons que geram o brilho polar podem ser
acelerados por ondas turbulentas no campo magnético do planeta - um processo
semelhante aos surfistas sendo conduzidos antes do quebrar das ondas.
Figura 12
A cerca de 75 raios jupiterianos do planeta, a interação da
magnetosfera com o vento solar gera um bow shock.
A magnetosfera é circundada pela magnetopausa, localizada no
limite interior da magnetobainha, na qual as ondas magnéticas tornam-se fracas
e desorganizadas.
O vento solar interage com estas regiões, alongando a
magnetosfera a sotavento de Júpiter e estendendo-a até quase a órbita de
Saturno.
Os quatro grandes satélites de Júpiter orbitam dentro da
magnetosfera, que os protege do vento solar.
A magnetosfera de Júpiter é responsável por episódios de
intensa emissão de rádio dos polos do planeta. A atividade vulcânica em Io
injeta gás na magnetosfera jupiteriana, produzindo um toro de partículas em
torno do planeta.
A interação de Io e o toro, à medida que o primeiro se
movimenta no segundo, produz ondas de Alfvén que carregam matéria ionizada nas
regiões polares de Júpiter.
Como resultado, ondas de rádio são geradas através de maser
astrofísico ciclotrônico, e a energia é transmitida ao longo de uma superfície
cônica. Quando a Terra atravessa este cone, as emissões de rádio de Júpiter
podem superar a do Sol.
Órbita e rotação
Júpiter é o único planeta cujo centro de massa com o Sol
fica fora do último, 1,068 raio solar ou 7% acima da superfície solar.
A distância média entre Júpiter e o Sol é de 778 milhões de
quilômetros, aproximadamente 5,2 UA. Júpiter completa uma órbita em torno do
Sol a cada 11,86 anos, dois quintos da de Saturno, formando a ressonância
orbital de 5:2 entre os dois maiores planetas do Sistema Solar.
A órbita elíptica de Júpiter possui uma inclinação de 1,31°
comparada com a da Terra.
Por causa de uma excentricidade de 0,048, a distância entre
Júpiter e o Sol varia 75 milhões de quilômetros entre o periélio e o afélio, ou
o ponto mais perto e o mais distante (neste caso em relação ao Sol) da órbita
do planeta, respectivamente.
A inclinação axial de Júpiter é relativamente pequena:
apenas 3,13°.
Como consequência, o planeta não possui mudanças
significativas de estações, ao contrário da Terra e de Marte, por exemplo.
A rotação de Júpiter é a mais rápida entre todos os planetas
do Sistema Solar – o planeta completa uma volta em torno de si mesmo em menos
de 10 horas, criando um achatamento polar facilmente visível em um telescópio
amador na Terra.
Júpiter possui o formato de uma esfera oblata, ou seja, o
diâmetro no equador é maior que o diâmetro entre os seus polos geográficos. O
equador de Júpiter é 9 275 km maior que o diâmetro medido entre os polos.
Pelo fato de Júpiter não ser um objeto sólido, a parte
superior da sua atmosfera possui rotação diferencial.
A rotação da atmosfera do planeta na sua região polar é
cerca de cinco minutos mais longa do que a da atmosfera equatorial.
Por causa disso, três sistemas são usados como referência,
particularmente a respeito de características atmosféricas.
O Sistema I localiza-se entre 10° N e 10° S de latitude, e
possui o menor período do planeta, com 9 h 50 min.
O Sistema II corresponde a todas as latitudes ao norte ou ao
sul das primeiras, e possui período de 9h 55min 40,6s.
O Sistema III foi criado originalmente por astrônomos de
rádio e corresponde à rotação da magnetosfera do planeta. O período deste
sistema é oficialmente a rotação de Júpiter.
Satélites
Júpiter possui 79 satélites naturais confirmados (embora, em
teoria, os componentes individuais que compõem seus anéis também sejam
satélites do planeta, complicando a definição).
Deste número, 51 possuem menos de 10 km de diâmetro e foram
descobertos a partir de 1975. Os quatro maiores satélites, conhecidos como
satélites galileanos, são Io, Europa, Ganimedes e Calisto.
Classificação dos satélites
Antes das descobertas feitas pelas sondas Voyager, os
satélites de Júpiter eram divididos em quatro grupos, cada um com quatro
satélites, baseados nos elementos orbitais em comum.
Desde então, vários pequenos satélites foram descobertos,
complicando a classificação. Atualmente, acredita-se que os satélites estejam
divididos em seis grupos, embora alguns sejam mais distintos que os outros.
Uma subdivisão básica é o agrupamento dos oito satélites
mais próximos, que possuem órbitas praticamente circulares, próximas ao plano
do equador e que, provavelmente, foram formados com Júpiter.
O restante consiste de um número desconhecido de satélites
irregulares, com órbitas elípticas e inclinadas, que se acredita serem
asteroides capturados ou fragmentos de asteroides capturados.
Satélites irregulares que pertencem a um grupo possuem
elementos orbitais similares e, portanto, podem possuir uma origem comum,
talvez sendo restos de um satélite ou corpo capturado que foi partido.
Figura 13
Satélites de Galileu
Os satélites galileanos estão entre os maiores do Sistema
Solar - Ganimedes se destaca por ser o maior, tendo um diâmetro maior que o
planeta Mercúrio.
Figura 14
Io destaca-se por ser um dos poucos corpos solares a possuir
atividade vulcânica, e cogita-se a possibilidade de oceanos líquidos nos outros
três satélites galileanos, em especial, Europa.
As órbitas de Io, Europa e Ganimedes formam um padrão
conhecido como a ressonância de Laplace. Para cada quatro órbitas de Io em
torno de Júpiter, Europa dá exatamente duas, e Ganimedes dá exatamente uma.
Figura 15
Esta ressonância faz com que os efeitos gravitacionais das
três luas distorçam suas órbitas em formas elípticas, visto que cada satélite
recebe energia de seus vizinhos no mesmo ponto em todas as órbitas. As forças
de maré de Júpiter, por outro lado, atuam na circularização dessas órbitas.
A excentricidade orbital destas três órbitas estressa a
estrutura dos três satélites, com a gravidade jupiteriana "esticando"
os satélites quando estes se aproximam do planeta. Próximo ao apogeu, os
satélites voltam a assumir um formato mais esférico, devido à menor força de
gravidade.
O estresse aquece o interior dos satélites, via fricção. O
efeito mais notável deste processo é a extraordinária atividade vulcânica em
Io, satélite sujeito às maiores forças de maré, por ter a órbita mais interna.
Outra consequência é a existência de uma crosta
geologicamente jovem em Europa, sugerindo atividade vulcânica recente no
satélite.
Figura 16
Observação
Júpiter é, normalmente, o quarto objeto mais brilhante do
céu, atrás apenas do Sol, da Lua e de Vênus, embora por vezes Marte seja mais
brilhante.
Figura 17
Dependendo da posição de Júpiter em relação à Terra, a
magnitude visual do planeta varia entre -2,8 em oposição, e -1,6, durante
conjunção com o Sol.
O diâmetro angular de Júpiter, da mesma maneira, varia entre
50,1 e 29,8 segundos de arcos.
Oposições favoráveis ocorrem quando Júpiter está no seu
periélio, evento que ocorre uma vez por órbita.
A Terra ultrapassa Júpiter a cada 398,9 dias na medida em
que ambos orbitam o Sol, no que é chamado o período sinódico.
Quando isto ocorre, Júpiter parece mover-se em sentido
retrógrado com respeito às estrelas de fundo, ou seja, por um período de tempo,
Júpiter parece dar a ré no céu, num movimento de looping.
Como a órbita jupiteriana é mais externa do que a da Terra,
o ângulo de fase de Júpiter como visto da Terra nunca supera os 11,5°.
Ou seja, o planeta sempre aparece quase totalmente iluminado
em telescópios na Terra. Imagens do planeta em fase crescente foram obtidas
apenas em missões espaciais para Júpiter.
Um pequeno telescópio geralmente mostra os quatro satélites
de Galileu e os notáveis cinturões de nuvens através da atmosfera de Júpiter.
Um telescópio grande mostra a Grande Mancha Vermelha quando
este se apresenta de frente para a Terra.
A mancha de Clyde é uma pluma oval branca de material que
entra em erupção acima das camadas superiores de nuvens da atmosfera joviana,
descoberta no hemisfério sul de Júpiter em julho de 2020.
Formação
Depois da formação do Sol, que ocorreu há cerca de 4,6
bilhões * de anos atrás, o material residual, de alta metalicidade, orbitando
em torno da recém-formada estrela, espalhou-se em torno do Sol, formando um
disco protoplanetário.
Este material gradualmente formou planetesimaiss que, por
sua vez, agregando-se, formaram os protoplanetas.
Acredita-se que a formação de Júpiter tenha começado através
da coalescência de planetesimais compostos por materiais voláteis (gelo em
termos astronômicos) na frost line do Sistema Solar além de um limite no qual
os planetesimais começaram a crescer rapidamente através da acreção de material
abundante de baixo ponto de fusão.
As condições para uma massiva acreção (abundância de
material e tempo disponível de acreção) estavam mais pronunciadas entre 5 e 6
UA, provocando um acúmulo rápido de material nesta região, formando um embrião
planetário com cerca de 10 massas terrestres, massivo o suficiente para começar
a agregar gás do disco solar (mais especificamente, hidrogênio e hélio).
O embrião continuou a crescer, agregando mais planetesimais
do que gás. Com a acreção de planetesimais, o número destes na vizinhança
orbital do embrião jupiteriano gradualmente caiu, enquanto o gás continuava na
vizinhança orbital.
Assim sendo, gases passaram a compor cada vez maior
percentagem da massa total agregada pelo embrião planetário, chegando a um
ponto no qual a acreção de gás e planetesimais era igual.
Quando isto ocorreu, um período de baixa acreção de ambos os
materiais teve início, após o qual um processo rápido de acreção de gás
iniciou-se.
No início deste período, metade da massa do embrião
jupiteriano era composta por gás. Nas próximas centenas de milhares de anos, o
embrião jupiteriano rapidamente absorveu a maior parte do gás disponível em sua
vizinhança orbital, com material sólido compondo uma percentagem mínima da
massa agregada pelo planeta.
Acredita-se que Júpiter tenha alcançado sua massa atual
entre um a dez milhões de anos. A acreção rápida e massiva de gás aqueceu o
planeta, possivelmente ao ponto de este ter superado o Sol, em brilho, por um
tempo.
Júpiter pode ter sido formado inicialmente a 5,6 UA do Sol
ou 70 milhões de quilômetros além de sua órbita atual.
Por causa de fricção com material do disco nebular, em cem
mil anos ele migrou em direção à sua órbita atual, por causa da perda de
momento angular.
No processo, a órbita jupiteriana formou uma ressonância
orbital de 1:2 com a de Saturno. Durante esta fase, Júpiter provavelmente
capturou os asteroides troianos.
Os satélites regulares de Júpiter (grupo Amalteia e
satélites galileanos) provavelmente foram criados de material orbitando o
planeta.
Antes da formação dos satélites galileanos, vários outros
satélites podem ter existido, todos engolidos por Júpiter por causa de fricção
com o material em órbita.
O restante dos satélites eram corpos que foram atraídos pela
enorme força gravitacional jupiteriana quando passavam em sua vizinhança.
A hipótese de que o planeta foi formado através da
coalescência de planetesimais e, posteriormente, do acréscimo de gás, é
suportada por uma publicação feita em novembro de 2008, que argumenta que
Júpiter possui um núcleo de 14 a 18 massas terrestres, o que indica que ele
possua um núcleo sólido com o dobro da massa que estimativas anteriores
indicavam, e possibilitando a adição de grandes quantidades de gás da nebulosa
solar.
Pesquisa e exploração
Pesquisa pré-telescópio
A observação de Júpiter se faz desde pelo menos o século VII
ou VIII a.C., pelos astrônomos babilônios. Os chineses antigos também
observavam a órbita de Suìxīng e estabeleceram o seu ciclo de “Doze Ramos
Terrestres” baseado no seu número aproximado de anos; a língua chinesa ainda
utiliza o seu nome (simplificado como 岁) quando se refere aos anos da idade. Até
o século iV a.C., essas observações tinham levado ao desenvolvimento do
horóscopo chinês, com cada ano associado com uma estrela Tai Sui (a estrela
diretamente oposta a Júpiter naquele ano) e o deus que controlava a região do
céu oposta à posição de Júpiter no céu noturno; essas crenças sobrevivem em
algumas práticas religiosas taoistas e nos doze animais do zodíaco da Ásia
oriental, que atualmente são popularmente assumidas como associados à chegada
dos animais ante Buda. O historiador chinês Xi Zezong afirmou que Gan De, um
antigo astrônomo chinês, descobriu um dos satélites de Júpiter em 362 a.C. a
olho nu.
Se isto for correto, antecederia a descoberta de Galileu em
quase dois milênios. Em seu trabalho do século II Almagesto o astrônomo
Ptolemeu construiu um modelo planetário geocêntrico baseado em deferentes e
epiciclos para explicar o movimento de Júpiter em relação à Terra, fixando o
seu período orbital em torno da Terra em 4 332,38 dias, ou 11,86 anos.
Em 499, Ariabata, um matemático-astrônomo da era clássica da
matemática e astronomia indianas, também usou um modelo geocêntrico para
estimar o período de Júpiter em 4 332,2722 dias, ou 11,86 anos.
Pesquisa baseada em telescópios na Terra
Em 1610, Galileu Galilei, por meio de um telescópio,
descobriu os quatro grandes satélites de Júpiter, que atualmente são chamados
satélites galileanos.
Um dia depois de Galileu, Simon Marius, atuando de forma
independente, descobriu satélites ao redor de Júpiter, embora ele somente tenha
publicado em livro a sua descoberta em 1614.
Figura 18
Entretanto, os nomes que permaneceram para os satélites
foram os atribuídos por Marius – Io, Europa, Ganimedes e Calisto. Esta
descoberta foi a primeira de corpos no espaço que aparentemente não gravitavam
a Terra.
Este foi um ponto importante em favor da teoria
heliocentrista do movimento dos planetas, de Nicolau Copérnico; os discursos de
Galileu em favor da teoria de Copérnico fizeram com que fosse julgado pela
Inquisição.
Durante a década de 1660, Giovanni Domenico Cassini usou um
novo telescópio e descobriu manchas e faixas coloridas em Júpiter, notando
também que o planeta possuía um formato achatado. Cassini ainda estimou o
período de rotação do planeta.
Em 1690, Cassini notou que a atmosfera jupiteriana possui
rotação diferencial.
Figura 19
A Grande Mancha Vermelha, uma característica relevante no
hemisfério sul do planeta, pode ter sido observada pela primeira vez por Robert
Hooke em 1664 e por Cassini em 1665, embora este fato não esteja totalmente
comprovado.
O farmacêutico Samuel Heinrich Schwabe produziu em 1831 os
primeiros desenhos mostrando os detalhes da Mancha.
A Mancha foi perdida de vista em várias ocasiões entre 1665
e 1708 e tornou-se bem visível em 1878. Foi registrada como tendo se atenuado
em 1883 e no começo do século XX.
Tanto Giovanni Alfonso Borelli quanto Cassini construíram
tabelas cuidadosas do movimento dos satélites jupiterianos, permitindo a
predição de quando os satélites iriam passar atrás ou na frente do planeta.
Porém, na década de 1670, astrônomos notaram que, quando Júpiter estava no lado
oposto do Sol em relação à Terra, estes eventos ocorriam cerca de 17 minutos
mais tarde do que o esperado.
Ole Rømer deduziu que a visão não é instantânea (um fato que
Cassini havia anteriormente rejeitado) e esta diferença foi utilizada para
estimar a velocidade da luz.
Em 1892, Edward Emerson Barnard descobriu um quinto
satélite, utilizando o telescópio de 91 cm do Observatório Lick, na Califórnia.
A descoberta deste objeto relativamente pequeno, um atestado
de sua ótima visão, tornou-o rapidamente famoso. O satélite foi posteriormente
chamado de Amalteia.
Esta foi a última descoberta de um satélite planetário feita
via observação visual.
Em 1932, Rupert Wildt identificou bandas de absorção de
amônia e metano no espectro de Júpiter.
Três ovais anticiclônicas de longa duração foram observadas
em 1938. Por décadas elas continuaram como características distintas da
atmosfera jupiteriana, por vezes aproximando-se uma da outra, mas nunca se
juntando.
Em 1998, porém, duas ovais se fundiram, absorvendo a
terceira em 2000, criando a Oval BA.
Figura 20
Em 1955, Bernard Burke e Kenneth Franklin detectaram pulsos
de rádio vindos de Júpiter a 22,2 MHz.
O período dos pulsos igualava o da rotação jupiteriana, como
o que ambos utilizaram esta informação para aumentar a precisão do período de
rotação do planeta.
Descobriu-se que pulsos de rádio vinham em duas formas:
pulsos longos, durando vários segundos, e pulsos curtos, de menos de um
centésimo de segundo.
Cientistas descobriram que existiam três formas de sinais de
rádio transmitidas de Júpiter:
Pulsos de rádio decamétricos (com comprimento de onda de
dezenas de metros) variam com a rotação de Júpiter e são influenciados pela
interação de Io com o campo magnético jupiteriano.
Emissões de rádio decimétricas (com comprimentos de onda
medidos em centímetros) foram observadas pela primeira vez por Frank Drake e
Hein Hvatum em 1959.
Estes sinais originam-se de um cinturão em torno do equador
jupiteriano e são causados por radiação ciclotrônica de elétrons acelerados
pelo campo magnético jupiteriano.
Radiação termal produzida por calor na atmosfera de Júpiter.
Exploração
Desde 1973 várias sondas espaciais visitaram Júpiter, a mais
notável sendo a Pioneer 10, a primeira a se aproximar suficientemente para
enviar revelações sobre propriedades e fenômenos do maior planeta do Sistema
Solar.
Missões para outros planetas dentro do Sistema Solar
requerem alto custo de energia, a qual é descrita através da mudança de
velocidade da espaçonave, ou delta-v.
Entrar em uma órbita de transferência de Hohmann da Terra
para Júpiter, a partir de uma órbita baixa da Terra, requer um delta-v de 6,3
km/s, o que é comparável ao delta-v de 9,7 km/s necessário para alcançar uma
órbita baixa em torno da Terra.
Felizmente, a gravidade assistida utilizando sobrevoos de
outros planetas pode ser utilizada para diminuir a energia requerida para
alcançar Júpiter, com a contrapartida do custo de uma missão muito mais longa.
Missões de sobrevoo
A partir de 1973, várias sondas espaciais executaram
manobras de sobrevoo que as levaram a distâncias viáveis para a observação de
Júpiter.
As missões Pioneer obtiveram as primeiras imagens de
close-up da atmosfera jupiteriana e de vários de seus satélites.
Figura 21
As sondas descobriram que os campos radioativos em torno do
planeta eram muito mais fortes do que o esperado, mas ambas as espaçonaves
sobreviveram ao ambiente hostil.
A trajetória de tais sondas foi utilizada para refinar as
estimativas da massa do sistema jupiteriano. Ocultações de sinais de rádio pelo
planeta resultaram em um aumento da precisão do diâmetro do planeta e da
dimensão do achatamento polar.
Seis anos depois, as sondas Voyager aumentaram drasticamente
o conhecimento dos satélites galileanos e descobriram os anéis de Júpiter.
Essas sondas também confirmaram que a Grande Mancha Vermelha
era anticiclônica.
Comparações de fotos da Mancha Vermelha tomadas pela Voyager
e pela Pionner mostraram que a tempestade mudou de cor entre as missões,
passando de laranja para marrom escuro.
Um toro de átomos ionizados foi descoberto ao longo da
órbita de Io e vulcões foram descobertos na superfície do satélite, alguns em
erupção. As sondas observaram raios na atmosfera do planeta à noite.
Figura 22
A sonda Ulysses fez uma manobra de sobrevoo para alcançar
uma órbita polar em torno do Sol. Durante esta passagem, realizou estudos sobre
a magnetosfera jupiteriana. Nenhuma imagem foi tomada, já que a sonda não
possui câmeras. Seis anos depois, ela fez outro sobrevoo, mas a distância foi
bem maior.
Em 2000, a sonda Cassini-Huygens, que seguia para Saturno,
passou por Júpiter, fornecendo as imagens de melhor resolução já tomadas do
planeta.
A sonda New Horizons, rumo a Plutão, passou por Júpiter para
obter gravidade assistida. Sua maior aproximação foi realizada em 28 de
fevereiro de 2007.
As câmeras da sonda mediram a quantidade de plasma
proveniente dos vulcões de Io e analisaram os quatro satélites galileanos em
detalhe, além de fazer observações de longa distância dos satélites Himalia e
Elara. As imagens começaram a ser tomadas em 4 de setembro de 2006.
Missão Galileu
A primeira espaçonave a orbitar Júpiter foi a Galileu, que
entrou em órbita em 7 de dezembro de 1995. A missão durou sete anos, fazendo
várias aproximações com os satélites galileanos e com Amalteia.
Ela também testemunhou a colisão do cometa Shoemaker-Levy 9
com Júpiter, quando se aproximava do planeta em 1994.
Embora as informações enviadas pela sonda tenham sido
extensivas, a quantidade de informação transmitida à Terra foi reduzida pela
falha da antena primária da espaçonave, forçando-a a operar com sua antena
secundária.
Uma sonda atmosférica de titânio de 340 kg foi lançada da
Galileu em julho de 1995, entrando na atmosfera em 7 de dezembro.
Utilizando um paraquedas a 150 km da atmosfera para reduzir
sua velocidade para 2.575 km/h, a sonda enviou informações sobre a atmosfera
jupiteriana por 57,6 minutos, antes de ser destruída pela pressão de 23 atm à
temperatura de (153 °C)
A própria sonda principal Galileu sofreu uma versão mais
rápida do mesmo destino, quando foi colocada intencionalmente em rota de
colisão com Júpiter, em 21 de setembro de 2003, a uma velocidade acima de 50
km/s, para evitar qualquer possibilidade de colisão e possivelmente
contaminação de Europa, satélite que os cientistas acreditam que possa abrigar
algum tipo de vida.
Os dados desta missão revelaram que hidrogênio compõe até
90% da atmosfera de Júpiter.
A temperatura registrada foi de mais de 300 °C e a
velocidade do vento medida de mais de 644 km/h, antes de a sonda se vaporizar.
Missão Juno
A missão Juno da NASA chegou a Júpiter em 4 de julho de 2016
e se espera que execute 37 órbitas ao longo dos 20 meses seguintes.
O plano da missão definiu que Juno estudará o planeta em
detalhe a partir de uma órbita polar.
Em 27 de agosto de 2016, a sonda realizou o seu primeiro
sobrevoo de Júpiter e enviou as primeiras imagens do polo norte do planeta.
Sondas futuras
A próxima missão planejada para o sistema jupiteriano será a
sonda da Agência Espacial Europeia Jupiter Icy Moon Explorer (JUICE), com
lançamento previsto para 2022, seguida da missão da NASA Europa Clipper em
2025.
Missões canceladas
Tem havido um grande interesse em estudar os satélites
gelados em detalhe, por causa da possibilidade de existência de oceanos
líquidos subsuperficiais nos satélites Europa, Ganimedes e Calisto, mas
dificuldades financeiras têm atrasado o progresso.
O projeto JIMO (Jupiter Icy Moons Orbiter) da NASA foi
cancelado em 2005.
Uma proposta subsequente foi desenvolvida para um projeto
conjunto NASA/ESA, chamado EJSM/Laplace, com lançamento programado para em
torno de 2020.
O EJSM/Laplace teria consistido na fusão do projeto da NASA
Jupiter Europa Orbiter e o da ESA Jupiter Ganymede Orbiter.
Entretanto, a ESA encerrou formalmente a parceria em abril
de 2011, citando problemas orçamentários da NASA e as consequências no
cronograma do projeto. Em seu lugar, a ESA planejou avançar com seu projeto
unicamente europeu para competir em sua seleção de projetos Cosmic Vision.
Interação com o Sistema Solar
A influência gravitacional de Júpiter afetou o Sistema Solar
desde sua formação. A inclinação das órbitas da maioria dos planetas do Sistema
Solar é mais similar à inclinação orbital jupiteriana do que à do equador solar
(a única exceção é Mercúrio), as lacunas de Kirkwood no cinturão de asteroides
devem-se primariamente a Júpiter e este pode ter sido responsável pelo intenso
bombardeio tardio do interior do Sistema Solar.
Figura 23
A maioria dos cometas de curto período (com período menor
que 200 anos) pertence à família jupiteriana – que é definida como a dos
cometas cujo semieixo maior é menor do que o de Júpiter.
Acredita-se que os cometas pertencentes à família
jupiteriana provêm do cinturão de Kuiper além da órbita de Netuno Durante
aproximações de
Júpiter, a gravidade deste perturba as órbitas destes
cometas, diminuindo seu período orbital. A gravidade jupiteriana, em conjunto
com a do Sol, acaba por circular a órbita destes cometas.
Devido à magnitude da massa de Júpiter, o centro de
gravidade entre ele e o Sol localiza-se pouco acima da superfície do Sol.
Júpiter é o único corpo do Sistema Solar para o qual isto acontece.
Asteroides troianos
Juntamente com seus satélites, a gravidade de Júpiter
controla numerosos asteroides posicionados nos pontos de Lagrange, precedendo e
seguindo o planeta a uma distância de 60° em sua órbita em torno do Sol.
Estes asteroides são os asteroides troianos de Júpiter, que
se localizam nos campos L4 (asteróides "gregos") e L5 (asteroides
"troianos"), em referência à Ilíada.
Figura 24
O primeiro asteroide troiano, 588 Achilles, foi descoberto
por Max Wolf em 1906. Desde então, mais de seis mil destes corpos foram
descobertos, sendo o maior deles 624 Hektor.
Estima-se que o número de asteroides troianos com mais de 1
km de diâmetro seja de cerca de um milhão.
Captura temporária de satélites
A grande esfera de Hill de Júpiter permite ao planeta
capturar temporariamente diversos corpos menores, que permanecem em órbita
variando desde alguns anos até milhões de anos.
O termo utilizado para descrever estes eventos é captura
temporária de satélites (TSC). Exemplos destes satélites são 82P/Gehrels,
111P/HelinRoman-Crockett, 147P/Kushida-Muramatsu, P/1996 R2 Lagerkvist e
provavelmente o Shoemaker-Levy 9.
Acredita-se que vários dos satélites irregulares das regiões
exteriores do sistema jupiteriano sejam asteroides que foram capturados pelo
planeta.
Impactos
Júpiter tem sido chamado de "aspirador" do Sistema
Solar, devido ao seu enorme poço gravitacional e sua localização próxima ao
interior do Sistema Solar. É o planeta que mais recebe impactos de cometas.
Figura 25
Acreditava-se que Júpiter protegia o interior do Sistema
Solar de cometas que poderiam colidir nos planetas terrestres, porém,
simulações computadorizadas recentes sugerem que o planeta não causa uma
redução do número de cometas que orbitam antes da órbita jupiteriana, visto que
sua gravidade perturba a órbita dos cometas em direção ao interior do Sistema
Solar em números similares aos cometas que absorve ou ejeta.
Este tópico ainda é controverso entre os astrônomos, visto
que alguns acreditam que Júpiter atrai cometas do cinturão de Kuiper em direção
à Terra, enquanto outros acreditam que Júpiter protege a Terra da Nuvem de
Oort.
Uma análise de 1997 de desenhos astronômicos históricos
sugeriu que o astrônomo Cassini pode ter reportado uma característica
proveniente de um impacto, em 1690.
A pesquisa levantou outras oito observações candidatas,
entre 1664 e 1839, mas elas possuem pouca ou nenhuma possibilidade de ser
resultado de um impacto.
Descobertas mais recentes incluem os seguintes casos:
Uma bola de fogo foi fotografada pela Voyager 1 durante seu
encontro com Júpiter em 1979;
Em 19 de julho de 2009, uma mancha causada por um impacto
foi descoberta a cerca de 216° de longitude no Sistema II.
A mancha, de cor negra, tinha tamanho similar à Oval BA.
Observações em infravermelho do Observatório Keck mostraram
uma mancha brilhante no local do impacto, indicando que o mesmo aqueceu a baixa
atmosfera na área próxima ao polo sul.
O corpo causador não foi detectado antes da colisão, embora
se acredite que tenha sido um asteróide com diâmetro entre 200 e 500 m;
Uma bola de fogo, menor do que os impactos observados
anteriormente, foi detectada em 3 de junho de 2010 por Anthony Wesley, um
astrônomo amador na Austrália, e descobriu-se mais tarde que ela havia sido
capturada em vídeo por outro astrônomo amador nas Filipinas;
Outras bolas de fogo foram vistas ainda em 20 de agosto de
2010 e em 10 de setembro de 2012.
Em 17 de março de 2016, a colisão com o planeta de um
asteroide ou cometa foi filmada em vídeo.
Impacto do Shoemaker-Levy 9
Entre 16 de julho e 22 de julho de 1994, mais de 20
fragmentos do cometa Shoemaker-Levy 9 atingiram o hemisfério sul de Júpiter,
sendo o primeiro impacto entre dois corpos significativos do Sistema Solar
observado diretamente.
Figura 26
Descoberto em 25 de março de 1993 pelos astrônomos Eugene e
Carolyn Shoemaker e David Levy, durante observações fotográficas de Júpiter, o
cometa imediatamente despertou interesse da comunidade científica devido à sua
órbita, próxima a Júpiter e por sua fragmentação, interesse que aumentou ainda
mais quando a possibilidade de impacto com o planeta foi confirmada.
Acredita-se que o cometa tenha sido capturado por Júpiter
entre as décadas de 1960 e 1970. Durante este evento, o cometa teria passado
dentro da esfera de Hill de Júpiter, com as forças de maré subsequentemente
fragmentando-o.
O impacto do cometa gerou manchas mais proeminentes do que a
Grande Mancha Vermelha, que persistiram por vários meses. Também permitiu aos
cientistas analisar a estrutura e composição do planeta através de estudos de
espectroscopia, das ondas sísmicas e das emissões eletromagnéticas geradas por
ele.
Possibilidade de vida
Em 1953, a experiência de Miller-Urey demonstrou que uma
combinação de raios e compostos químicos que existiam na atmosfera da Terra
primordial poderia formar compostos orgânicos (incluindo aminoácidos) que
serviriam de blocos de construção da vida. A atmosfera simulada incluía água,
metano, amônia e hidrogênio molecular, todos sendo moléculas presentes em
Júpiter.
Porém, a atmosfera jupiteriana possui uma circulação de ar
vertical muito forte, o que carregaria tais compostos para regiões mais
profundas, cuja temperatura os degradaria e, subsequentemente, impediria a
formação de vida semelhante à da Terra.
É altamente improvável que exista qualquer tipo de vida, em
Júpiter, semelhante à da Terra, visto que água está presente em quantidade
mínima na atmosfera jupiteriana e qualquer superfície sólida dentro do planeta
estaria sob pressão e temperatura extraordinariamente altas. Porém, em 1976,
antes das missões Voyager, foi lançada a hipótese de que vida baseada em amônia
ou mesmo água poderia desenvolver-se na atmosfera superior jupiteriana.
Esta hipótese foi baseada na ecologia de mares terrestres,
que possuem plâncton que utiliza fotossíntese para obter energia em níveis
superiores, peixes em níveis inferiores alimentando-se dos primeiros e
predadores marinhos que caçam os peixes.
Júpiter na cultura humana
Júpiter era conhecido desde tempos antigos. Ele é visível a
olho nu à noite, e pode ser ocasionalmente visto de dia quando o Sol está baixo
no horizonte.
Figura 27
Para os babilônios, o objeto representava o deus Marduque.
Eles utilizavam a órbita jupiteriana (que é de aproximadamente 12 anos) ao
longo da eclíptica para definir as constelações do seu zodíaco.
Os antigos romanos nomearam o planeta em homenagem ao
principal deus da mitologia romana, Júpiter (Iupiter), cujo nome provém do caso
vocativo protoindo-europeu dyeu ph2 ter, que significa "padrinho".
O símbolo astronômico de Júpiter, é uma representação
estilizada do raio do deus romano. "Jupiteriano" e
"joviano" são os adjetivos do planeta.
Os chineses, japoneses, coreanos e vietnamitas nomearam o
planeta de "estrela de madeira", ⽊ 星 , baseado nos cinco elementos chineses. Os gregos
nomearam o planeta de Φαέθων, "faetonte", que significa
"iluminado".
Na astrologia védica, astrólogos hindus nomearam o planeta
em homenagem a Brihaspati, o professor religioso dos deuses, chamando comumente
o planeta de "guru", literalmente, "o pesado".
Júpiter é a origem do dia de semana "quinta-feira"
(por exemplo, jueves em castelhano) em todos os idiomas românicos, com a
exceção do português.
No inglês, a origem da palavra Thursday (quinta-feira em
português) é "dia de Thor", com Thor sendo associado ao planeta
Júpiter na mitologia germânica.
Na mitologia dos povos turcomanos e mongóis, Júpiter é
chamado “Erendiz” ou “Erentüz”, proveniente de “eren” (de significado incerto)
e “yultuz” (estrela). Há muitas teorias sobre o significado de “eren”.
Esses povos calcularam o período da órbita de Júpiter em 11
anos e 300 dias. Eles acreditavam que alguns eventos sociais e naturais se
conectavam aos movimentos de Erentüz no céu.
Na astrologia ocidental, Júpiter está associado com
crescimento, prosperidade e sorte, e os sentidos de justiça e moralidade.
Governa longas viagens, educação superior, religião e lei.
Apesar de seu brilho, Júpiter é raramente mencionado em
obras literárias antigas e medievais, sendo mencionado primariamente como uma
referência astrológica. Em tempos modernos, porém, o sistema jupiteriano foi
mencionado em várias obras de ficção científica.
Notas
A idade do Sol foi determinada através de modelos
computadorizados de evolução estelar e nucleocosmocronologia.
Ver mais
Jovianos
Ganimedes
Protossolar
hidrossulfeto de amônio
anticiclônica
extrassolares
gossamer
Amalteia
bow Shock
magnetopausa,
sotavento
ciclotrônico
frost line
planetesimais
protoplanetas
Marduque
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Barycenter" e "Center: Sun".
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jupiteriano, e são os valores instantâneos osculadores na época J2000.
Quantidades de baricentro são dados porque, ao contrário do centro planetário,
eles não passam por mudanças notáveis no dia a dia devido à orbita dos satélites.
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Bibliografia
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Ligações externas
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2007.» (http://www.dagbladet.no/tv/ index.html?clipid=17116) (em inglês)
«Júpiter, como vista pela Voyager 1.»
(http://www.vias.org/spacetrip/jupiter_1.html) (em inglês)
«O sistema jupiteriano - uma simulação de 62 satélites
jupiterianos.» (http://orbitsimulator.com/ gravity/articles/joviansystem.html)
(em inglês)
«43 satélites adicionais em órbita de Júpiter.»
(http://www.sfgate.com/cgi-bin/article.cgi?file=/ch
ronicle/archive/2003/05/15/MN286597.DTL&type=science) (em inglês)
«Perfil de Jupiter, NASA.» (https://pds.jpl.nasa.gov/planets/special/jupiter.htm)
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