Madeira
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A madeira é um material produzido a partir do tecido formado
pelas plantas lenhosas com funções de sustentação mecânica.
Sendo um material naturalmente resistente e relativamente
leve, é frequentemente utilizado para fins estruturais e de sustentação de
construções.
É um material orgânico, sólido, de composição complexa, onde
predominam as fibras de celulose e hemicelulose unidas por lenhina.
(Figura 1)
Caracteriza-se por absorver facilmente água (higroscopia) e
por apresentar propriedades físicas diferentes consoante a orientação espacial
(ortotropia).
As plantas que produzem madeira (árvores) são perenes e
lenhosas, caracterizadas pela presença de caules de grandes dimensões, em geral
denominados troncos, que crescem em diâmetro ano após ano.
Pela sua disponibilidade e características, a madeira foi um
dos primeiros materiais a ser utilizado pela humanidade, mantendo, apesar do
aparecimento dos materiais sintéticos, uma imensidade de usos diretos e
servindo de matéria-prima para múltiplos outros produtos.
É também uma importante fonte de energia, sendo utilizada
como lenha para cozinhar e outros usos domésticos numa parte importante do
mundo.
(Figura 2)
A sua utilização para a produção de polpa está na origem da
indústria papeleira e de algumas indústrias químicas nas quais é utilizada como
fonte de diversos compostos orgânicos.
A sua utilização na indústria de marcenaria para fabricação
de móveis é uma das mais expandidas, o mesmo acontecendo na sua utilização em
carpintaria para construção de diversas estruturas, incluindo navios.
A madeira é um dos materiais mais utilizados em arquitetura
e engenharia civil.
A indústria florestal ocupa vastas áreas da Terra e a
exploração de madeira em florestas naturais continua a ser uma das principais
causas de desflorestação e de perda de habitat para múltiplas espécies,
ameaçando severamente a biodiversidade a nível planetário.
Estrutura e características da madeira
As árvores crescem em média cerca de 12 cm por ano, assim a
madeira é um produto gerado de forma lenta, num processo que em geral dura
dezenas ou centenas de anos.
Sendo a madeira um produto da fisiologia vegetal, tem uma
estrutura complexa, composta a partir da estrutura celular da planta que lhe
deu origem, do que resulta uma diferenciação radial e longitudinal das suas
características físicas e químicas, originando as seguintes partes bem
diferenciadas: (1) medula; (2) cerne; (3) borne ou alburno; (4) nós. Na planta
viva esta estrutura, recoberta exteriormente pelo súber e respectivo ritidoma
(a casca), forma o tronco da árvore.
(Figura 3)
Assim, um corte transversal num tronco de árvore, permite
observar que este é formado por vários anéis circulares concêntricos, que
correspondem ao crescimento da árvore e que organizam a sua estrutura:
1. Casca: a parte exterior ao câmbio vascular;
1. Periderme: tecidos originados do câmbio cortical,
responsáveis pela proteção do tronco;
1. Súber (ou felema, cortiça): porção externa da periderme,
inclui o ritidoma;
2. Câmbio cortical (felogênio);
3. Feloderme: porção interna da periderme;
2. Floema (líber): tecidos superficiais do tronco,
responsáveis pelo transporte de seiva;
2. Câmbio vascular: origina o floema e xilema secundários;
3. Xilema (lenho): é a parte do tronco de onde se extrai a
madeira, compreendida entre a casca e a medula, e divide-se em duas zonas;
1. Alburno (borne): a zona mais clara, localizada mais externamente,
que transporta a seiva bruta das raízes para as folhas;
2. Cerne (durâmen): a parte mais escura da madeira e que lhe
dá mais resistência;
4. Medula: corresponde ao tecido mole e esponjoso na parte
central do tronco, vestígio do meristema apical do ramo.
Alburno (ou borne)
O alburno, ou borne, é a porção viva do xilema ao longo da
qual se processa a circulação de água e de nutrientes entre a raiz e a os
tecidos ativos da planta.
Sendo células vivas e
com funções essencialmente de condução, quase sempre o exame do corte de um
tronco revela o alburno como uma zona de coloração mais clara rodeando a porção
interior de cor mais escura (o cerne).
Em geral a distinção da cor é nítida, mas noutras o
contraste é ligeiro, de modo que não é sempre fácil dizer onde uma camada acaba
e a outra começa.
A cor do borne fresco é sempre clara, às vezes quase branca,
embora seja frequente um tom amarelado ou acastanhado.
(Figura 4)
O borne é formado por madeira comparativamente nova,
compreendendo as células vivas da árvore em crescimento.
Toda a madeira é primeiro formada como borne e só depois
evolui para cerne. Na planta viva, as principais funções do borne são conduzir
a água da raiz até às folhas, armazená-la e devolvê-la de acordo com a estação
do ano e as necessidades hídricas da planta.
Quanto mais folhas uma árvore suportar, mais vigoroso é o
seu crescimento e maior o volume de borne necessário.
As árvores crescem mais rapidamente em locais arejados e
luminosos, livres do sombreamento e da competição de outras árvores, pelo que o
seu borne é mais espesso, para um dado tamanho, do que, na mesma espécie,
quando crescem em floresta densa.
As árvores que crescem em clareiras podem atingir um tamanho
considerável, por vezes com 30 cm ou mais de diâmetro, antes que algum cerne se
comece a formar. Um exemplo deste tipo de desenvolvimento ocorre no
segundo-crescimento da nogueira e no crescimento-aberto dos pinheiros.
Pelo contrário, algumas espécies começam a formar cerne
muito cedo e têm apenas uma fina camada de borne vivo, enquanto que noutras a
mudança ocorre lentamente. O borne fino é uma característica de árvores como
castanho, robínia, amoreira, laranjeira-dos-osage e sassafrás. Em árvores como
ácer, freixo, nogueira, ulmeiro, faia e pinho, o borne espesso é a regra.
Não há uma relação definida entre os anéis anuais de
crescimento e a quantidade de borne. Dentro das mesmas espécies, a área
inter-seccional do borne é mais ou menos proporcional ao tamanho da copa da
árvore.
Em consequência, se os anéis são estreitos, para uma mesma
dimensão necessário uma maior quantidade de anéis do que quando eles são
largos.
À medida que as árvores crescem, o borne tem necessariamente
de se tornar mais fino ou aumentar em volume. O borne é mais espesso na porção
superior do tronco da árvore do que perto da base, porque a idade e o diâmetro
das secções superiores são menores.
Quando a árvore é muito jovem está coberta com ramos, cuja
inserção por vezes vai até ao chão, mas à medida que envelhece alguns ou todos
irão eventualmente morrer e serão partidos.
O crescimento subsequente da madeira pode esconder
completamente as marcas deixadas pela inserção dos ramos, as quais contudo
permanecerão como nós. Não importa quão suave e limpo um tronco seja no seu
exterior, pois será mais ou menos nodoso perto do seu centro.
Daí resulta que o borne de uma árvore velha, e
particularmente de uma árvore de floresta, estará mais livre de nós do que o
cerne. Como na maior parte dos usos da madeira, os nós são considerados
defeitos que a enfraquecem e interferem com o seu uso, está menor presença de
nós leva a que o borne, por causa da sua posição na árvore, tenha algumas
vantagens sobre o cerne.
Note-se que o cerne de árvores antigas pode permanecer tão
são como o borne, atingindo em muitos casos centenas de anos e nalguns casos
milhares de anos.
Cada ramo ou raiz partida, cada ferida profunda no tronco
resultante do fogo, da ação dos insetos ou de madeira caída, resulta em danos
no borne que contribuem para o seu declínio, que, uma vez iniciado, pode
penetrar em todas as partes do tronco. Existem muitos insetos cujas larvas
atacam as árvores, escavando túneis que permanecem indefinidamente como fontes
de fraqueza.
Se uma árvore crescer toda a sua vida ao ar livre e as
condições do solo e local permaneçam imutáveis, ela fará o crescimento mais
rápido na sua juventude, e gradualmente declinará. Os anéis anuais de
crescimento são nos anos iniciais bastante largos, mas tornam-se
progressivamente mais estreitos. Visto que cada anel sucessivo é depositado no
exterior da madeira previamente formada, sucede que a menos que a árvore
aumente a sua produção de madeira de ano para ano, os anéis devem
necessariamente tornar-se mais finos à medida que o tronco se torna mais largo.
Por outro lado, quando a árvore atinge a maturidade, a copa
torna-se mais aberta e a produção anual de madeira escasseia, reduzindo por
isso ainda mais a largura dos anéis anuais de crescimento.
No caso de árvores crescidas em floresta, a taxa de
crescimento depende da concorrência com as outras árvores, na competição pela
luz e nutrientes, podendo alternar períodos de crescimento lento com períodos
de crescimento rápido.
Algumas árvores, tais como carvalhos, mantêm a mesma largura
dos anéis por centenas de anos. Contudo, como regra geral, à medida que uma
árvore se torna maior em diâmetro, a largura dos anéis anuais decresce.
Pode haver diferenças notórias no grão do cerne e borne
cortados duma árvore grande, particularmente de árvores maduras, cujo
crescimento tenha diminuído devido à idade.
Em algumas árvores, a madeira depositada mais tardiamente na
árvore é mais suave, mais clara, mais fraca, e de textura mais uniforme de que
a produzida na fase de juventude. Noutras espécies, o contrário aplica-se.
Num tronco de grandes dimensões, o borne, devido ao tempo de
vida em que a árvore cresceu, pode ser inferior em dureza e força e ser
semelhante ao cerne do mesmo tronco.
Cerne
O cerne (palavra que tem a mesma origem etimológica que
núcleo), durâmen ou durame é a designação dada à parte do xilema do tronco que
já não participa ativamente na condução de água, assumindo uma função
essencialmente de suporte mecânico da estrutura da planta.
A distinção entre cerne e alburno (a parte vascularmente
ativa do xilema) é clara na maior parte das espécies, já que em corte os
troncos apresentam uma porção mais escura de madeira no centro e uma porção
mais clara na parte externa.
A primeira corresponde ao cerne e a segunda ao alburno.
Contudo, nem sempre esta diferença é facilmente percebida, pois a mudança de
cor pode ser gradual e pouco marcada.
O cerne é constituído por células mortas, formando uma
estrutura mais ou menos enrijecida de suporte, em torno da qual o alburno se
vai progressivamente formando. À medida que as células do alburno decaem e
morrem, vão sendo incorporadas no cerne, o qual vai assim crescendo
radialmente, acompanhado a expansão do xilema.
Embora possa, dadas as suas características higroscópicas,
funcionar como um importante reservatório de água para a planta, o cerne é na
sua essência uma estrutura de suporte, não sendo vital para a sobrevivência da
árvore.
Não são raras as espécies em que é comum o apodrecimento e
por vezes a total destruição do cerne, sem que tal determine a morte ou mesmo a
redução da vitalidade da planta.
Algumas espécies começam a formar cerne muito cedo e têm
apenas uma fina camada de borne vivo, enquanto que noutras a mudança ocorre
lentamente, mantendo um tronco que é essencialmente composto por borne.
Em termos de determinação da qualidade da madeira e dos seus
usos, a dimensão e características do cerne são determinantes, sendo este em
geral valorizado pela sua dureza e resistência ao ataque por insetos.
A madeira de cerne é em geral preferida para usos em que se
requeira durabilidade e resistência mecânica.
Medula
A medula é o vestígio deixado no centro do tronco pela
estrutura apical a partir da qual se desenvolveu o tronco da planta.
É em geral uma fina estrutura (de alguns milímetros de
diâmetro), quase sempre mais escura do que o material que a rodeia e sem
qualquer importância para a determinação da qualidade ou usos da madeira.
Forma-se a partir das células que constituíram a zona de crescimento inicial do
rebento que deu origem ao tronco e em torno das quais se formaram as camadas de
células que constituem a madeira.
A sua posição marca o centro de crescimento a partir do qual
se gerou o engrossamento da árvore.
Como seria de esperar, as células que constituíram a medula
são progressivamente mais jovens à medida que se sobe ao longo do tronco. Nas
árvores em crescimento, a medula desemboca na estrutura meristemática ativa do
meristema apical, a partir da qual o crescimento do tronco produz o seu
alongamento em altura.
Nós
Os nós são porções de ramos incluídos no tronco da planta ou
ramo principal.
Os ramos originam-se, em regra, a partir do eixo central do
caule de uma planta (a medula) e, enquanto vivos, tal como o tronco, aumentam
em tamanho com a adição anual de camadas lenhosas.
A porção incluída é irregularmente cónica, com a ponta na
medula. A direção das fibras forma ângulos retos ou oblíquos a grã do caule,
produzindo um cruzamento de grãs.
(Figura 5)
Durante o desenvolvimento da árvore, a maioria dos ramos,
especialmente os mais baixos, morrem, mas continuam presos à árvore por algum
tempo, muitas vezes por anos.
As camadas de crescimento posteriores deixam de ser
incluídas no ramo (agora morto), mas são depositados ao redor dele.
Assim os troços de inserção dos ramos mortos dão origem aos
nós, que são apenas o conteúdo de um furo preenchido com material oriundo do
troço do ramo incluído, e podem soltar-se facilmente quando a madeira é serrada
ou seca.
Para os diferentes
fins de uso da madeira, os nós são classificados de acordo com a forma,
tamanho, sanidade e firmeza com que estão presos ao caule.
Os nós afetam a resistência da madeira a rachas e quebras,
assim como sua maneabilidade e flexibilidade. Esses defeitos enfraquecem a
madeira e afetam diretamente seu valor, principalmente para o uso em
estruturas, onde a resistência é importante.
O enfraquecimento ganha sérias proporções quando a madeira é
submetida a tração e compressão.
A extensão da diminuição da força de uma viga depende da sua
posição, tamanho, número, direção das fibras e condição.
Os nós da face superior em geral são comprimidos, enquanto
os da face inferior são tracionados. Pequenos nós, no entanto, podem estar
localizados na zona neutra da viga e aumentar sua resistência ao cisalhamento
longitudinal.
Os nós em placas ou pranchas são menos prejudiciais quando
se estendem através dela em sentido transversal à sua superfície mais larga.
Os nós que aparecem perto das pontas de uma viga não a
enfraquecem. Os nós sadios que ocorrem no quarto central da altura da viga de
uma ou outra borda não são defeitos sérios.
Os nós não influenciam materialmente a rigidez da madeira
estrutural. Somente os defeitos de carácter mais sério afetam o limite de
elasticidade das vigas.
A rigidez e limite de elasticidade dependem mais da
qualidade da fibra da madeira do que dos defeitos.
O efeito dos nós é a redução da diferença entre a tensão das
fibras no limite de elasticidade e o módulo de ruptura da viga. A resistência à
quebra é muito susceptível aos defeitos.
Os nós sadios não enfraquecem a madeira quanto à compressão
paralela ao grão.
Para algumas finalidades, como por exemplo a fabricação de
painéis, os nós são considerados benéficos pois adicionam textura visual à
madeira, dando-lhe uma aparência mais interessante.
Características da madeira
Dada a diversidade das espécies que produzem madeira, este
material apresenta grande diversidade de características mecânicas, de
densidade, higroscopia, cor, grão, resistência ao apodrecimento e ao fogo,
odor, e múltiplos outros fatores diferenciadores. Tal diferenciação determina
os usos da madeira, tornando difícil o estabelecimento de classificações
genéricas.
(Figura 6)
Madeiras duras e madeiras macias
A madeira é usualmente classificada como madeira dura ou
madeira macia. A madeira de coníferas (por exemplo: pinho, pinus) é chamada
madeira macia, e a madeira de árvores latifoleadas (por exemplo: carvalho) é
chamada madeira dura. Essa classificação é às vezes muito desvantajosa. Isso
porque algumas madeiras duras, como a balsa, são de facto muito mais moles ou
macias do que a maior parte das madeiras macias, e inversamente, também algumas
madeiras macias (por exemplo: teixo) são muito mais duras do que a maioria das
madeiras duras.
Além disso, madeiras de diferentes tipos de árvores têm
diferentes cores e graus de densidade. Isso, aliado ao facto de algumas
madeiras terem um crescimento mais longo do que outras, faz com que madeiras de
diferentes espécies tenham qualidade e valor comercial diferenciado.
Por exemplo, enquanto
o mogno, de madeira dura e escura, é excelente para a produção artesanal de
móveis finos, a balsa, clara e pouco densa, é muito usada para fabricação de
cofragens e de moldes construtivos de vários tipos.
(Figura 7)
Cor
Em espécies que mostram uma diferença distinta entre o cerne
e o borne a cor natural do cerne é geralmente mais escura que o borne, e muito
frequentemente o contraste é conspícuo.
Este é produzido por depósitos no cerne de vários materiais
resultantes do processo de crescimento, aumentado possivelmente pela oxidação e
outras mudanças químicas, que normalmente têm pouco ou nenhum efeito apreciável
nas propriedades mecânicas da madeira.
(Figura 8)
Algumas experiências em espécies resinosas de (pinheiro),
contudo, indicando um aumento na resistência mecânica da madeira. Isto é devido
à resina que aumenta a resistência quando seca.
O borne saturado de resina é chamado resinoso. As estruturas
construídas de pinho resinoso e de outras madeiras resinosas são muito
resistentes ao apodrecimento e ao ataque pelas térmitas; contudo são muito
inflamáveis.
Esta última característica leva a que os restos de pinhos
velhos de folhas longas sejam frequentemente cortados em pequenos toros e
divididos em pequenas peças que são vendidas como acendalhas.
Visto que a madeira mais antiga de um anel de crescimento é
geralmente mais escura em cor de que a madeira mais recente, este facto pode
ser utilizado na avaliação da densidade, portanto a dureza e resistência
mecânica do material.
Este é particularmente o caso com madeiras de coníferas. Nas
madeiras com anéis porosos, os vasos da madeira recente aparecem frequentemente
com uma aparência mais escuros do que a madeira mais antiga e densa, ainda que
nas secções cruzadas do cerne o reverso seja comummente verdade. Exceto nesse
caso, a cor da madeira não é indicadora da sua resistência.
A descoloração anormal da madeira denota frequentemente uma
condição de degradação das suas características. As manchas pretas no abeto
ocidental são o resultado dos ataques de insetos; faixas vermelho-acastanhadas
tão comuns na nogueira e em certas outras madeiras são maioritariamente o
resultado de danos causados pelos pássaros.
A descoloração é meramente uma indicação de danos, não
afetando por si só as propriedades das madeiras. O apodrecimento causado por
alguns fungos produz alterações características nas cores da madeira, coloração
que assim se torna sintomática da degradação do material.
Manchas no borne, muito comuns, são devidas a crescimento de
fungos, mas não produzem necessariamente um efeito de enfraquecimento da sua
estrutura.
Teor em água
A água encontra-se na madeira viva em três condições, a
saber: (1) nas paredes celulares; (2) no conteúdo protoplasmático das células;
e (3) como água livre nas cavidades e espaços intercelulares. Sendo constituído
por células mortas, no cerne a água ocorre apenas na primeira e última formas.
Madeira exaustivamente seca com ar retém de 8 a 16% da água
nas paredes celulares e apenas vestígios nas outras formas.
Contudo, mesmo as madeiras secas em fornos retêm um pequeno
teor de umidade, mas para quaisquer propósitos que não sejam químicos, podem
ser consideradas completamente secas.
Em geral o conteúdo aquoso da substância da madeira é que
lhe confere a maciez e maleabilidade. Um efeito similar e comumente observado
é o efeito amaciador da água no papel ou tecido. Dentro de certos limites,
quanto maior a quantidade de água, maior o seu efeito amaciador.
A secagem produz um aumento significativo na força da
madeira, particularmente em espécimes pequenos. Um exemplo extremo é o caso de
um bloco de 5 cm de secção em abeto, completamente seco, que sustenta uma carga
permanente quatro vezes maior do que um bloco verde da mesma madeira e do mesmo
tamanho suportaria.
Dada a importância do teor em água na determinação das
propriedades da madeira, a sua secagem constitui um aspecto importante da
indústria madeireira. A secagem consiste em extrair do interior da madeira o
excesso de água, de forma permitir a utilização do material nas suas diversas
aplicações.
A evaporação da água leva a madeira a contrair-se, isto é, a
diminuir de volume; a velocidade de secagem deve, portanto, ser adequada aos
diferentes tipos de madeira de forma a evitar danos estruturais causados por
variações dimensionais diferenciais, como o aparecimento de fendas ou empenamento.
Em qualquer caso as madeiras ficam sempre sujeitas a dois fenômenos
característicos:
Retração – a madeira retrai quando seca, sofrendo contração
que pode ser maior ou menos consoante as dimensões da peça e suas
características, muitas vezes acompanhada por empenamento, isto é torção
causada pela variação diferencial das dimensões, em geral determinada pela
orientação das fibras que constituem a madeira;
Entumecimento – a madeira incha quando absorve umidade,
aumentando sensivelmente de volume.
Existem dois tipos básicos de secagem, aqui distinguidos
quanto à origem e efeitos:
Natural: permite secar a madeira sobrepondo as peças umas
sobre as outras de modo a permitir um arejamento uniforme. Este processo é
moroso, exige grandes espaços e imobiliza grandes quantidades de madeira.
A secagem natural permite secar a madeira até uma umidade
mínima de 12%. Abaixo dos 20% de umidade a madeira resiste à putrefacção.
Abaixo dos 30% podem começar a surgir os defeitos de
secagem: rachaduras, empenamentos, encruamentos, colapsos, abaulamentos,
torções, encanoamentos.
Artificial: a secagem artificial, feita através de estufas
próprias, permite aumentar a velocidade da secagem da madeira ao mesmo tempo
que a protege dos fungos e insetos.
Exige instalações caras, torna a madeira menos flexível e
escurece o seu tom.
Na secagem artificial podem ser utilizadas diversas técnicas
destinadas a acelerar o processo de secagem ou a conferir características
específicas ao produto.
Entre essas técnicas conta-se a utilização de vapor a alta
pressão, a utilização de permutadores de calor, a retirada de seiva por imersão
em água e o uso de vapor de creosote e de outros produtos para impregnar a
madeira.
Estrutura da madeira
Uma árvore aumenta em diâmetro pela formação, entre a madeira
velha e o interior da casca, de novas camadas de madeira que envolvem todo o
caule, os ramos e as raízes.
Em condições normais, particularmente quando existe uma
estação de crescimento bem definida uma nova camada forma se em razão pela qual
em corte as camadas anuais aparecem como anéis concêntricos, constituindo a
base da dendrocronologia, técnica que permite aferir do número de anos de
crescimento da árvore, e das características desse crescimento, pela observação
dos anéis formados.
Cada camada de crescimento é formada por células vegetais de
vários tipos, mas na sua maioria é formada por fibras. Nas coníferas, ou
árvores de madeira macia, predominam as células do tipo traqueídeo, do que
resulta uma madeira mais uniforme em estrutura e aparentemente mais macia, daí
o nome dado a esse tipo de madeiras.
Nessas madeiras não estão presentes os poros que são bem
patentes em madeiras ditas duras, como a de carvalho ou faia.
Cada anel de crescimento é formado por duas partes
relativamente bem definidas: a parte voltada para o centro da árvore é em geral
de textura mais aberta e quase sempre mais clara do que a parte externa do
anel.
Tal ocorre porque a parte interior formou-se no início da
estação de crescimento, quando este é mais rápido, e é conhecida por madeira
temporã ou madeira da primavera; a parte externa é conhecida por madeira de
verão, pois forma-se na fase de declínio do crescimento que em geral
corresponde ao Verão.
O ciclo de crescimento da árvore é realizado em dois ciclos
Primavera/verão, com anel mais claro e largo e Outono/Inverno, com anel mais
escuro e estreito. O crescimento da árvore é formado no meristema cambial (zona
entre a casca interna e o borne) por ação das condições ambientais. Assim,
também poderão aparecer falsos anéis de crescimento, originados por variações
ambientais adversas (irregulares e anormais) para uma dada época.
A ciência da madeira
A ciência da madeira abrange disciplinas que vão desde as
mais básicas como anatomia, física e química da madeira; até as disciplinas
ditas tecnológicas como por exemplo secagem da madeira, madeira tratada,
celulose, energia, extrativos químicos, processamento e propriedades mecânicas.
No Brasil essas disciplinas são normalmente oferecidas em
cursos de graduação e pós-graduação em engenharia florestal e engenharia
industrial madeireira, no qual tem maior foco na madeira.
Ver também
ortotropia
Latifoliadas
Traqueídeo
Robínia
laranjeira-dos-osage
ácer
Referências
- 1. JC Paiva. «Madeiras» (https://web.archive.org/web/20120427212006/http://www.jcpaiva.net/file s/ensino/alunos/20022003/teses/020370017/madeiras/madeiras.htm). Consultado em 3 de março de 2012. Arquivado do original (http://www.jcpaiva.net/files/ensino/alunos/20022003/tes es/020370017/madeiras/madeiras.htm) em 27 de abril de 2012.
- 2. Horst H. Nimz, Uwe Schmitt, Eckart Schwab, Otto Wittmann, Franz Wolf "Wood" in Ullmann's Encyclopedia of Industrial Chemistry 2005, Wiley-VCH, Weinheim. doi:10.1002/14356007.a28_305 (https://dx.doi.org/10.1002/14356007.a28_305)
- 3. «N.B. fossils show origins of wood» (http://www.cbc.ca/news/canada/new-brunswick/story/201 1/08/12/nb-origins-of-wood-found.html). CBC.ca. 12 de agosto de 2011. Consultado em 12 de agosto de 2011
- 4. Celso Foelkel. «Estrutura Anatômica da Madeira» (http://www.celso-foelkel.com.br/artigos/outro s/Arquivo%2001.%20Estrutura%20Anat%F4mica%20e%20Densidade%20da%20Madeira.pdf) (PDF). Consultado em 3 de março de 2012
- 5. http://www.dicio.com.br/duramen/
- 6. http://www.dicio.com.br/durame/
- 7. IdemDesign. «Madeira» (https://web.archive.org/web/20120311080650/http://www.idemdesign. net/pt/des-prod/tec-madeira/48-madeira). Consultado em 3 de março de 2012. Arquivado do original (http://www.idemdesign.net/pt/des-prod/tec-madeira/48-madeira) em 11 de março de 2012
- Ligações externas
- «Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais» (http://www.ipef.br/)
- Banco de dados de madeiras do Laboratório de Produtos Florestais do IBAMA (https://web.arc hive.org/web/20120205235840/http://www.ibama.gov.br/lpf/madeira/introducao.htm)
- (https://web.archive.org/web/20140202223821/http://www.fpl.fs.fed.us/index) USDA Forest Products Laboratory
- (http://www.prpg.ufla.br/ctmadeira) Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia da Madeira da Universidade Federal de Lavras.
- (http://www.abimci.com.br/) Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente.
- (https://web.archive.org/web/20051125174219/http://www.eesc.usp.br/ibramem/) Instituto Brasileiro da Madeira e das Estruturas de Madeira.
- (http://www.iufro.org/science/divisions/division-5) IUFRO União Internacional das Organizações de Pesquisa Florestal.
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Capítulo 28: Blocos de gelo e Efeito estufa.